Pelo humano e pelas 'Humanas'


Anos atrás, quando decidi dedicar-me a um curso das Humanas, recebi diversas críticas. Dentre tais, a mais recorrente era "cursos de humanas é pura viagem". Provavelmente naqueles tempos eu levava como uma afronta. Hoje, mais de dez anos depois, tenho juízos diferentes. Dois, pra ser exato.

Primeiramente, percebo tais frases (ainda recorrentes) como o sintoma de um tempo. Sim, sintoma. Quando o homem deixa de querer compreender a si mesmo, seja por dificuldade ou comodismo, é o sintoma de uma sociedade plenamente doente. Uma patologia que se instaurou devido a múltiplos fatores - e, obviamente, múltiplas consequências. O homem parou de buscar a si mesmo, de acreditar em si. Iniciou-se um processo de desapego com a reflexão, com o outro, com a humanidade. Deixou, assim, de 'ser' humano. Preferimos a cópia ao real, o espetáculo à realidade, o transcendente ao homem. Poderia falar muito sobre, mas isso já tento fazer em aulas. Com efeito, a barbárie que aqui se instala corrobora minha tese. A grande ''viagem'', digo eu, é a descrença em si mesmo e no outro.

Em segundo lugar, nunca tive tanta certeza que fiz a escolha certa. Sim, sou das Humanas. Amo o humano e quero compreendê-lo. Pois, já dizia Terêncio há mais de 2100 anos atrás, "sou um homem. Nada do que é humano me é estranho".

Sou feliz por ter feito e fazer Filosofia.

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