Para gostar de...
É difícil, e creio que todos vocês concordem, definir com exatidão quando começamos a gostar de determinado assunto ou atividade. Quando me abordam com a questão - quando você se interessou por filosofia? - tendo a dizer que foi com a emersão de perguntas filosóficas durante a adolescência, mas sem saber ao certo o que proporcionou tal emersão... foram as músicas, algum livro, alguma passagem cotidiana? Não consigo dizer - ou consigo, dizendo que foi um conjunto de fatores.
Para incitar o jovem à filosofia, devemos confrontá-los com perguntas cotidianas - utilizar exemplos de como os autores responderam à tais questões - e mostrar que, até hoje, algumas dúvidas permanecem. "Quem sou eu?", "Por que as coisas mudam?", "Poderei conhecer tudo?" e por aí vamos... e, sobretudo, fazê-lo gostar de ler...
...E para gostar de ler, não há outro caminho senão ler! Dentre vários livros que são potencialmente capazes de incitar o jovem ao estudo da Filosofia, citarei 2 - escritos justamente para tais jovens: "A Filosofia explicada à minha Filha", do Roger-Pol Droit e "O Mundo de Sofia", do Jostein Gaarder.
Deem uma olhada no extrato abaixo, retirado deste segundo livro citado! Espero que gostem...! (e caso isso acontece, vá na biblioteca mais próxima!)
"Muitas pessoas têm hobbies diferentes. Algumas colecionam moedas e selos antigos, outras gostam de trabalhos manuais, outras ainda dedicam todo o seu tempo livre a uma determinada modalidade de esporte.
Também há os que gostam de ler. Mas os tipos de leitura também são muito diferentes. Alguns lêem apenas jornais ou gibis, outros gostam de romances, outros ainda preferem livros sobre temas diversos como astronomia, a vida dos animais ou as novas descobertas da tecnologia.
Se me interesso por cavalos ou pedras preciosas, não posso querer que todos os outros tenham o mesmo interesse. Se fico grudado na televisão assistindo a todas as transmissões de esporte, tenho que aceitar que outras pessoas achem o esporte uma chatice.
Mas será que existe alguma coisa que interessa a todos? Será que existe alguma coisa que concerne a todos, não importando quem são ou onde se encontram? Sim, querida Sofia, existem questões que deveriam interessar a todas as pessoas. E é sobre tais questões que trata este curso.
Qual é a coisa mais importante da vida? Se fazemos esta pergunta a uma pessoa de um país assolado pela fome, a resposta será: a comida. Se fazemos a mesma pergunta a quem está morrendo de frio, então a resposta será: o calor. E quando perguntamos a alguém que se sente sozinho e isolado, então certamente a resposta será: a companhia de outras pessoas.
Mas, uma vez satisfeitas todas essas necessidades, será que ainda resta alguma coisa de que todo mundo precise? Os filósofos acham que sim. Eles acham que o ser humano não vive apenas de pão. É claro que todo mundo precisa comer. E precisa também de amor e de cuidado. Mas ainda há uma coisa de que todos nós precisamos. Nós temos a necessidade de descobrir quem somos e por que vivemos.
Portanto, interessar-se em saber por que vivemos não é um interesse “casual” como colecionar selos, por exemplo. Quem se interessa por tais questões toca um problema quem vem sendo discutido pelo homem praticamente desde quando passamos a habitar este planeta. A questão de saber como surgiu o universo, a Terra e a vida por aqui é uma questão maior e mais importante do que saber quem ganhou mais medalhas de ouro nos últimos Jogos Olímpicos.
O melhor meio de se aproximar da filosofia é fazer perguntas filosóficas:
Como o mundo foi criado? Será que existe uma vontade ou um sentido por detrás do que ocorre? Há vida depois da morte? Como podemos responder a estas perguntas? E, principalmente: como devemos viver?
Essas perguntas têm sido feitas pelas pessoas de todas as épocas. Não conhecemos nenhuma cultura que não se tenha perguntado quem é o ser humano e de onde veio o mundo.
Basicamente, não há muitas perguntas filosóficas para se fazer. Já fizemos algumas das mais importantes. Mas a história nos mostra diferentes respostas para cada uma dessas perguntas que estamos fazendo.
É mais fácil, portanto, fazer perguntas filosóficas do que respondê-las."
Para incitar o jovem à filosofia, devemos confrontá-los com perguntas cotidianas - utilizar exemplos de como os autores responderam à tais questões - e mostrar que, até hoje, algumas dúvidas permanecem. "Quem sou eu?", "Por que as coisas mudam?", "Poderei conhecer tudo?" e por aí vamos... e, sobretudo, fazê-lo gostar de ler...
...E para gostar de ler, não há outro caminho senão ler! Dentre vários livros que são potencialmente capazes de incitar o jovem ao estudo da Filosofia, citarei 2 - escritos justamente para tais jovens: "A Filosofia explicada à minha Filha", do Roger-Pol Droit e "O Mundo de Sofia", do Jostein Gaarder.
Deem uma olhada no extrato abaixo, retirado deste segundo livro citado! Espero que gostem...! (e caso isso acontece, vá na biblioteca mais próxima!)
"Muitas pessoas têm hobbies diferentes. Algumas colecionam moedas e selos antigos, outras gostam de trabalhos manuais, outras ainda dedicam todo o seu tempo livre a uma determinada modalidade de esporte.
Também há os que gostam de ler. Mas os tipos de leitura também são muito diferentes. Alguns lêem apenas jornais ou gibis, outros gostam de romances, outros ainda preferem livros sobre temas diversos como astronomia, a vida dos animais ou as novas descobertas da tecnologia.
Se me interesso por cavalos ou pedras preciosas, não posso querer que todos os outros tenham o mesmo interesse. Se fico grudado na televisão assistindo a todas as transmissões de esporte, tenho que aceitar que outras pessoas achem o esporte uma chatice.
Mas será que existe alguma coisa que interessa a todos? Será que existe alguma coisa que concerne a todos, não importando quem são ou onde se encontram? Sim, querida Sofia, existem questões que deveriam interessar a todas as pessoas. E é sobre tais questões que trata este curso.
Qual é a coisa mais importante da vida? Se fazemos esta pergunta a uma pessoa de um país assolado pela fome, a resposta será: a comida. Se fazemos a mesma pergunta a quem está morrendo de frio, então a resposta será: o calor. E quando perguntamos a alguém que se sente sozinho e isolado, então certamente a resposta será: a companhia de outras pessoas.
Mas, uma vez satisfeitas todas essas necessidades, será que ainda resta alguma coisa de que todo mundo precise? Os filósofos acham que sim. Eles acham que o ser humano não vive apenas de pão. É claro que todo mundo precisa comer. E precisa também de amor e de cuidado. Mas ainda há uma coisa de que todos nós precisamos. Nós temos a necessidade de descobrir quem somos e por que vivemos.
Portanto, interessar-se em saber por que vivemos não é um interesse “casual” como colecionar selos, por exemplo. Quem se interessa por tais questões toca um problema quem vem sendo discutido pelo homem praticamente desde quando passamos a habitar este planeta. A questão de saber como surgiu o universo, a Terra e a vida por aqui é uma questão maior e mais importante do que saber quem ganhou mais medalhas de ouro nos últimos Jogos Olímpicos.
O melhor meio de se aproximar da filosofia é fazer perguntas filosóficas:
Como o mundo foi criado? Será que existe uma vontade ou um sentido por detrás do que ocorre? Há vida depois da morte? Como podemos responder a estas perguntas? E, principalmente: como devemos viver?
Essas perguntas têm sido feitas pelas pessoas de todas as épocas. Não conhecemos nenhuma cultura que não se tenha perguntado quem é o ser humano e de onde veio o mundo.
Basicamente, não há muitas perguntas filosóficas para se fazer. Já fizemos algumas das mais importantes. Mas a história nos mostra diferentes respostas para cada uma dessas perguntas que estamos fazendo.
É mais fácil, portanto, fazer perguntas filosóficas do que respondê-las."
Jostein Gaardder: O mundo de Sofia
O Mundo de Sofia é com certeza um dos meus favoritos. Quando eu li da primeira vez, eu tinha uns 12 anos e comparei com Matrix. Da segunda amei o exagero do romantismo e queria que a Sofia pudesse vir completamente pra esse mundo. Enfim.
ResponderExcluirO Dia do Curinga do mesmo autor pode ser considerado meio filosófico também? Às vezes acho que não entendi ele direito.
O fato é que esses livors me fizeram interessar bastante por filosofia, mesmo que as aulas da escola nunca me prendessesm e acabassem me decepcionando...
Mas, paralelamente, alguma tática pra convencer quem não gosta de ler (e que não quer pegar num livro) a fazê-lo?
Boa pergunta, minha cara leitora.
ResponderExcluirO que percebo é que nós, professores e demais admiradores da área pedagógica, estamos enfrentando um problema gravíssimo: os jovens (e crianças... e adultos..!) estão parando de ler. A solução - e aqui cito a fala de uma linguista, a ótima Terezinha Bertin - seria... aprender a ler!
O ato de "gostar" de ler já é um fator subjetivo, que só pode vir depois de aprender. Não podemos, segundo a autora, a ensinar gostos (seria uma imposição), mas sim orientar às várias leituras possíveis e depois deixaríamos o aspirante à leitor decidir.
Em resumo - e compartilho da opinião da supracitada - deveríamos colocar o aluno diante várias leituras possíveis, para que eles escolhessem. Pena é que a imposição do vestibular (até quando esperar para mudar isso!?!?) nos deixa diante apenas da leitura obrigatória. Isso sim é IMPOSIÇÃO!
E devemos criar novos canais de leitura também... o próprio blog é uma tentativa de criação de um novo canal interativo - e informativo, educacional, cognitivo... vamos à luta.
Abs!
Ps.: não fica somente nas mãos dos professores este ato de "ensinar a ler". Devemos, todos, estarmos abertos às novas experiências...
ResponderExcluirVisto tal necessidade, ainda creio que certo rigor e imposição (veja, por um bom motivo) tenha de existir - se deixarmos o aluno optar por querer ou não aprender, sabemos onde isso pode parar.
Como em música: se instituíssemos a música em escolas e frequentasse somente os que gostassem, creio que não teria motivo para tê-la: os mesmos e mesmos de sempre estariam nas classes.
It´s a long road!
Ei Danilo, está muito bacana seu blog.
ResponderExcluirLong and hard road, isn't?
ResponderExcluirDesde muito pequena sempre fui incentivada a ler, minha mãe sempre comprou ou levou muitos livros para mim. Acho, não se por ter sido assim comigo, que o incentivo à leitura deve começar em casa, desde criança, com livros de historinhas, quando na pré adolescência aqueles destinados a esse público e a partir daí o gosto já esta criado, e começa a etapa em que vão criando os gostos literários, conhecendo os estilos e tomando preferência por um/alguns.
ResponderExcluirA escola deve ajudar na hora de indicar títulos que sejam condizentes com a faixa etária dos alunos.
Sempre gostei de ler e incentivo muitos dos meus amigos que dizem não gostar, por nunca terem lido, a ler, nem que seja um Harry Potter _que por sinal eu gosto muito_ porque assim vai se tomando gosto pela leitura.
Outro fator positivo da leitura é como essa ajuda em matérias de escola, principalmente no vestibular em que um enunciado mal interpretado pode acarretar no erro.
Assim concluo que ler é um hábito que todos deveriam ter, e espero que a juventude não perca essas oportunidades de aumentar seu conhecimento, pois qualquer que seja o assunto é um conhecimento a mais. E com essa “neura” de vestibular esse é mais um subsídio para a realização da prova.
PS: sempre quis ler "O Mundo de Sofia" mas não me acho preparada para tal.
O autor afirma que fazer perguntas filosóficas é mais fácil do que respondê-las. Por que isso acontece?
ResponderExcluirComo se dá a busca pela verdade?
No texto, nossa compreensão diante do mundo é comparada ao mistério de uma mágica onde um coelho é tirado surpreendentemente de dentro de uma cartola. Qual a semelhança que existe entre esses dois fenômenos?