Pensamentos em/no trânsito



Muito se fala em caos urbano. Em como as cidades não mais comportam o número de carros, não foram planejadas para o recebimento de tamanha amplitude de tráfego. Mas ontem me ocorreu algo interessante: enquanto caminhava para a faculdade (cerca de 2 km, após tomar meu rotineiro ônibus), pude ver centenas de carros aglomerados, com pessoas de dentro destes xingando e xingando: "Trânsito maldito" e outros carinhos mais ao ente ''engarrafamento''.

Tão logo me coloquei a refletir (filosofia e suas peculiaridades): Gritam, xingam, esbravejam sozinhos de dentro dos carros. E todos rumavam para as mesmas avenidas. Não seria esse mais um sintoma da nossa contemporaneidade? Essa solidão esbravejante que, ao reclamar, somente expõe que estamos mais distantes uns dos outros? E, estando sozinho dentro do carro, não estaria ele (sim, logo ele!) colaborando para esse engarrafamento - já que podia pensar em uma possível carona para um amigo? Há amigos? Há bairro? Há comunidade?

Vejo e prevejo mais abismos que pontes.

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