Sobre o analfabetismo (político)...

 


Mais um ano eleitoral e, ademais, o dramaturgo Bertolt Brecht presentificando-se: com efeito, ainda "o pior analfabeto é o analfabeto político".

Em milhares de casas a cena se repete: horário político, desligue a tv, voltamos na novela. O germe do problema, tão longe de frequentar somente os corredores do Planalto Central, está mais próximo do que imaginamos. Dá-se mais importância à ficção das telas do que a realidade social; trocam a materialidade pela encenação, pelas histórias sempre-acaba-bem-para-o-mocinho, pelas Helenas de Manoel Carlos (que, desculpem-me a ignorância, são repetitivas e modelos de uma cultura anencéfala).
A ''escola'' do analfabeto político está, pois, em casa; está na escola, quando suprime-se a discussão acerca da política por acreditar na máxima ''sei lá quem inventou'' que política, religião e futebol não se discutem: mata-se por política, por religião e por futebol - mas, isso meu amigo, não se toca: é foro íntimo. A escola do analfabeto político está na igreja que, persistindo em ideais retrógrados, o impele a votar no seu ''guia de alma'' (seja pastor, padre ou seja-lá-em-quem-você-obedeça), sem criticismo. Sim, pode-se ter um ótimo ''guia para o além'', mas a política... ahhh a política... é outro aspecto. É não transcendente, é matéria, é visceral, é o aqui agora.
E não, não é um desabafo: é um vômito, regurgitando a fúria que há. Espero que, após sermos leões nas ruas, não desempenhemos os cordeiros nas urnas. Não na eleitoral. Que suas urnas tenham adornos que vocês possam escolher a bel prazer. Na política, que haja pensamento.

Comentários

  1. Caro professor Danilo, gostei demais do seu blog...que os preceitos filosóficos estejam sempre em pauta no nosso cotidiano.

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