Filosofia no Enem - 2005 até 2015
Que tal ter acesso a todas as questões de Filosofia, de 2005 à 2015? Depois de muuuuito tempo de formatação, aqui estão as questões com gabarito =) Lembrando que as versões posteriores se encontram na 'Área do Vestibulando' aqui do blog!
Espero que gostem!
QUESTÃO 18 (ENEM/2015)
Ninguém nasce mulher: torna-se
mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a
fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que
elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o
feminino.
Beaouvoir, S. O segundo sexo.
Riode Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
Na década de 1960, a
proposição de Simone de Beaouvoir contribuiu para estruturar um movimento
social que teve como marca o(A):
A) ação do Poder Judiciário
para criminalizar a violência sexual.
B) pressão do Pode Legislativo
para impedir a dupla jornada de trabalho.
C) organização de protestos
públicos para garantir a igualdade de gênero.
D) oposição de grupos
religiosos para impedir os casamentos homoafetivos.
E) estabelecimento de
políticas governamentais para promover ações afirmativas.
QUESTÃO 19 (ENEM/2015)
A filosofia grega parece
começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz
de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos e levá-la a sério? Sim, e
por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição anuncia algo sobre a
origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e
enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida,
está contido o pensamento: Tudo é um.
NIETZSCHE, F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova
Cultural, 1999.
O que, de acordo com
Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos?
A) O impulso para transformar,
mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais.
B) O desejo de explicar,
usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.
C) A necessidade de buscar, de
forma racional, a causa primeira das coisas existentes.
D) A ambição de expor, de
maneira metódica, as diferenças entre as coisas.
E) A tentativa de justificar,
a partir de elementos empíricos, o que existe no real.
QUESTÃO 20 (ENEM/2015)
A natureza fez os homens tão
iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito, que, embora por vezes se
encontre um homem manifestadamente mais forte de corpo, ou de espírito mais
vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em conjunto, a
diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que um
deles possa com base nela reclamar algum benefício a que outro não possa
igualmente aspirar.
HOBBES. T. Leviatã. São Paulo:
Martins Fontes, 2003.
Para Hobbes, antes da
constituição da sociedade civil, quando dois homens desejavam o mesmo objeto,
eles
A) entravam em conflito.
B) recorriam aos clérigos.
C) consultavam os anciãos.
D) apelavam aos governantes.
E) exerciam a solidariedade.
QUESTÃO 21 (ENEM/2015)
O que implica o sistema da
pólis é uma extraordinária preeminência da palavra sobre todos os outros
instrumentos do poder. A palavra constitui o debate contraditório, a discussão,
a argumentação e a polêmica. Torna-se a regra do jogo intelectual, assim como
do jogo político.
VERNANT, J.P. As origens do
pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado).
Na configuração política da
democracia grega, em especial a ateniense, a ágora tinha por função
A) agregar os cidadãos em
torno de reis que governavam em prol da cidade.
B) permitir aos homens livres
o acesso às decisões do Estado expostas por seus magistrados.
C) constituir o lugar onde o
corpo de cidadãos se reunia para deliberar sobre as questões da comunidade.
D) reunir os exércitos para
decidir em assembleias fechadas os rumos a serem tomados em caso de guerra.
E) congregar a comunidade para
eleger representantes com direito a pronunciar-se em assembleias.
QUESTÃO 22 (ENEM/2015)
Ora, em todas as coisas
ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja
diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados
pelo impulso dos ventos contrários, não chegaria ao fim do destino, se por
indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem o homem um fim, para
o qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de
modos diversos em vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e
ações humanas comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim.
AQUINO. T. Do reino ou do
governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de Santo Tomás de
Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado).
No trecho citado, Tomás de
Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de
A) refrear os movimentos
religiosos contestatórios.
B) promover a atuação da
sociedade civil na vida política.
C) unir a sociedade tendo em
vista a realização do bem comum.
D) reformar a religião por
meio do retorno à tradição helenística.
E) dissociar a relação
política entre os poderes temporal e espiritual.
QUESTÃO 23 (ENEM/2015)
Trasímaco estava impaciente
porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e
importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no
certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua
sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas.
RACHELS, J. Problemas da
filosofia. Lisboa: Gradva, 2009.
O sofista Trasímaco,
personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a
correlação entre justiça e ética é resultado de
A) determinações biológicas
impregnadas na natureza humana.
B) verdades objetivas com
fundamento anterior aos interesses sociais.
C) mandamentos divinos
inquestionáveis legados das tradições antigas.
D) convenções sociais
resultantes de interesses humanos contingentes.
E) sentimentos experimentados
diante de determinadas atitudes humanas.
QUESTÃO 24 (ENEM/2015)
Todo o poder criativo da mente
se reduz a nada mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar ou
diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência. Quando
pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias
consistentes, ouro e a montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um cavalo
virtuoso, porque somos capazes de conceber a virtude a partir de nossos
próprios sentimentos, e podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo,
animal que nos é familiar.
HUME. D. Investigação sobre o
entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995.
Hume estabelece um vínculo
entre pensamento e impressão ao considerar que
A) os conteúdos das ideias no
intelecto tem origem na sensação.
B) o espírito é capaz de
classificar os dados da percepção sensível.
C) as ideias fracas resultam
de experiências sensoriais determinadas pelo acaso.
D) os sentimentos ordenam como
os pensamentos devem ser processados na memória.
E) as ideias têm como fonte
específica o sentimento cujos dados são colhidos na empíria.
QUESTÃO 25 (ENEM/2015)
Apesar de seu disfarce de
iniciativa e otimismo, o homem moderno está esmagado por um profundo sentimento
de impotência que o faz olhar fixamente e, como que paralisado, para as
catástrofes que se avizinham. Por isso, desde já, salienta-se a necessidade de
uma permanente atitude crítica, o único modo pelo qual o homem realizará sua
vocação natural de integrar-se, superando a atitude do simples ajustamento ou
acomodação, aprendendo temas e tarefas de sua época.
FREIRE. P. Educação como
prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.
Paulo Freire defende que a
superação das dificuldades e a apreensão da realidade atual será obtida pelo(a)
A) desenvolvimento do
pensamento autônomo.
B) obtenção de qualificação
profissional.
C) resgate de valores
tradicionais.
D) realização de desejos
pessoais.
E) aumento da renda familiar.
QUESTÃO 26 (ENEM/2014)
Uma norma só deve pretender
validez quando todos os que possam ser concernidos por ela cheguem (ou possam
chegar), enquanto participantes de um discurso prático, a um acordo quanto à
validade
dessa norma.
HABERMAS, J. Consciência moral
e agir comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.
Segundo Habermas, a validez de
uma norma deve ser estabelecida pelo(a):
A) liberdade humana, que
consagra a vontade.
B) razão comunicativa, que
requer um consenso.
C) conhecimento filosófico,
que expressa a verdade.
D) técnica científica, aumenta
o poder do homem.
E) poder político, que se
concentra no sistema partidário.
QUESTÃO 27 (ENEM/2014)
Alguns dos desejos são
naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem
naturais nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos
trazem dor se não satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso pode ser
facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou parecem geradores
de dano.
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas
principais. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974.
No fragmento da obra
filosófica de Epicuro, o homem tem como fim
A) alcançar o prazer moderado
e a felicidade.
B) valorizar os deveres e as
obrigações sociais.
C) aceitar o sofrimento e o
rigorismo da vida com resignação.
D) refletir sobre os valores e
as normas dadas pela divindade.
E) defender a indiferença e a
impossibilidade de se atingir o saber.
QUESTÃO 28 (ENEM/2014)
No centro da imagem, o
filósofo Platão é retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que o
conhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a
A) Suspensão do juízo como
reveladora da verdade.
B) Realidade inteligível por
meio do método dialético.
C) Salvação da condição mortal
pelo poder de Deus.
D) Essência das coisas
sensíveis no intelecto divino.
E) Ordem intrínseca ao mundo
por meio da sensibilidade.
QUESTÃO 29 (ENEM/2014)
É o caráter radical do que se
procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o
espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá
sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma
daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.
SILVA, F. L. Descartes: a
metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).
Apesar de questionar os
conceitos da tradição, a dúvida radical da filosofia cartesiana tem caráter positivo
por contribuir para o(A)
A) dissolução do saber
científico.
B) recuperação dos antigos
juízos.
C) exaltação do pensamento
clássico.
D) surgimento do conhecimento
inabalável.
E) fortalecimento dos
preconceitos religiosos.
QUESTÃO 30 (ENEM/2014)
TEXTO I
Olhamos o homem alheio às
atividades públicas não como alguém que cuida apenas de seus próprios
interesses, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões
públicas por nós mesmos na crença de que não é o debate que é empecilho à ação,
e sim o fato de que não se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora
da ação.
TUCÍDIDES. História da Guerra
do Peloponeso. Brasilía: UnB, 1987 (adaptado).
TEXTO II
Um cidadão integral pode ser
definido por nada mais nada menos que pelo direito de administrar justiça e
exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao
tempo de exercício, de tal modo que não podem de forma alguma ser exercidas
duas vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de certos intervalos
de tempo prefixados.
ARISTÓTELES. Política.
Brasília: UnB, 1985.
Comparando os textos I e II,
tanto para Tucídides (no século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV
a.C.), a cidadania era definida pelo(A)
A) prestígio social.
B) acúmulo de riqueza.
C) participação política.
D) local de nascimento.
E) grupo de parentesco.
QUESTÃO
31 (ENEM/2014)
A filosofia encontra-se
escrita neste grande livro que continuamente se abre perante nossos olhos (isto
é, o universo), que não se pode compreender antes de entender a língua e
conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele está escrito em língua
matemática, os caracteres são triângulos, circunferências e outras figuras
geométricas, sem cujos meios é impossível entender humanamente as palavras; sem
eles, vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto.
GALILEI, G. O ensaiador. Os
pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
No contexto da Revolução
Científica do século XVII, assumir a posição de Galileu significava defender a
A) continuidade do vínculo
entre ciência e fé dominante na Idade Média.
B) necessidade de o estudo
linguístico ser acompanhado do exame matemático
C) oposição da nova física
quantitativa aos pressupostos da filosofia escolástica.
D) importância da independência
da investigação científica pretendida pela Igreja.
E) inadequação da matemática
para elaborar uma explicação racional da natureza.
QUESTÃO 32 (ENEM/2013)
“A felicidade é, portanto, a melhor, a mais
nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar
separados como na inscrição existente em Delfos: ‘das coisas, a mais nobre é a
mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos’. Todos
esses atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a
melhor, nós a identificamos como felicidade.”
ARISTÓTELES, A Política. São
Paulo: Cia das Letras, 2010
Em seguida, questiona:
Ao reconhecer na felicidade a
reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como
A) Busca por bens materiais e
títulos de nobreza.
B) Plenitude espiritual e
ascese pessoal.
C) Finalidade das ações e
condutas humanas.
D) Conhecimento de verdades
imutáveis e perfeitas.
E) Expressão do sucesso
individual e reconhecimento público.
QUESTÃO 33 (ENEM/2013)
“Nasce daqui uma questão: se
vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responda-se que ambas as
coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro
ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se
pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores,
covardes e ávidos de lucro, e quanto lhes fazem bem são inteiramente teus,
oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o
perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.”
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Rio
de Janeiro: Bertrand, 1991
A partir da analise histórica
do comportamento humano em suas relações sócias e políticas, Maquiavel define o
homem como um ser
A) Munido de virtude, com
disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.
B) Possuidor de fortuna,
valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.
C) Guiado por interesses, de
modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.
D) Naturalmente racional,
vivendo em um estado pré-social e portanto seus direitos naturais.
E) Sociável por natureza,
mantendo relações pacíficas com seus pares.
QUESTÃO 34 (ENEM/2013)
“Para que não haja abuso, é preciso organizar
as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido
se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo,
exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções
públicas e o poder de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos.
Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de
forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se
uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.”
MONTESQUIEU, B. Do espírito
das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979
A divisão e a independência
entre os poderes são condições necessárias para que possa haver liberdade em um
Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo politico em que haja
A) Exercício de tutela sobre
atividades jurídicas e politicas.
B) Consagração do poder
politico pela autoridade religiosa.
C) Concentração do poder nas
mãos de elites técnico-cientificas.
D) Estabelecimento de limites
dos atores públicos e às instituições do governo.
E) Reunião das funções de
legislar, julgar e executar nas mãos de um governante eleito.
QUESTÃO 35 (ENEM/2013)
“Na produção social, os homens entram em
determinadas relações indispensáveis e correspondem a um estágio definido de
desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas
relações constitui a estrutura econômica da sociedade – fundamento real, sobre
o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem
determinadas formas de consciência social.”
MARX, K. Crítica da Economia
Política. In: MARX, K; ENGELS, F. Textos 3. São Paulo: Edições Sociais,
1977
Para o autor, a relação entre
economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que
A) O proletariado seja
contemplado pelo processo de mais-valia.
B) O trabalho se constitua
como o fundamento real da produção material.
C) A consolidação das forças
produtivas seja compatível com o progresso humano.
D) A autonomia da sociedade
civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico.
E) A burguesia revolucione o
processo social de formação da consciência de classe.
Em outras palavras, Marx está
falando de trabalho.
QUESTÃO 36 (ENEM/2013)
TEXTO I
“Há algum tempo eu me apercebi
de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como
verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal
assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente,
uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera
crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e
inabalável.”
DESCARTES, R. Meditações
concernentes À Primeira Filosofia. São Paulo, Abril Cultural, 1973
TEXTO II
“É o caráter radical do que se
procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o
espaço for ocupado pela duvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá
sido de alguma forma gerada pela própria duvida, e não será seguramente nenhuma
daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.”
SILVA, F.L. Descartes: a
metafisica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001
A exposição e a análise do
projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do
conhecimento, deve -se
A) Retomar o método da
tradição para edificar a ciência com legitimidade.
B) Questionar de forma ampla e
profunda as antigas ideias e concepções.
C) Investigar os conteúdos da
consciência dos homens menos esclarecidos.
D) Buscar uma via para
eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados.
E) Encontrar ideias e
pensamentos evidentes que dispensam ser questionados.
QUESTÃO 37 (ENEM/2013)
“Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se
devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para descobrir,
mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com
esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão
melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular
pelo nosso conhecimento.”
KANT, I. Crítica da Razão
Pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994
O trecho em questão é uma
referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele
confrontam-se duas posições filosóficas que
A) Assumem pontos de vista
opostos acerca da natureza do conhecimento.
B) Defendem que o conhecimento
é impossível, restando-nos somente o ceticismo.
C) Revelam a relação de
interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica.
D) Apostam, no que diz
respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos
objetos.
E) Refutam-se mutuamente
quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
QUESTÃO 38 (ENEM/2012)
Para Platão, o que havia de
verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão
e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional
e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do
segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua
mente.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da
filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).
O texto faz referência à
relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de
Platão (427–346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa
relação?
A) Estabelecendo um abismo
intransponível entre as duas.
B) Privilegiando os sentidos e
subordinando o conhecimento a eles.
C) Atendo-se à posição de
Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis.
D) Afirmando que a razão é
capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.
E) Rejeitando a posição de
Parmênides de que a sensação é superior à razão.
QUESTÃO 39 (ENEM/2012)
Experimentei algumas vezes que
os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem
já nos enganou uma vez.
DESCARTES, R. Meditações
Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
TEXTO II
Sempre que alimentarmos alguma
suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado,
precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se
for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para
confirmar nossa suspeita.
HUME, D. Uma investigação
sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).
Nos textos, ambos os autores
se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos
excertos permite assumir que Descartes e Hume
A) defendem os sentidos como
critério originário para considerar um conhecimento legítimo.
B) entendem que é
desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e
crítica.
C) são legítimos
representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.
D) concordam que conhecimento
humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.
E) atribuem diferentes lugares
ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.
QUESTÃO 40 (ENEM/2012)
Não ignoro a opinião antiga e
muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo
acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes
transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à
conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso
livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos
atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe.
Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).
Em O Príncipe, Maquiavel
refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor
demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista
ao
A) valorizar a interferência
divina nos acontecimentos definidores do seu tempo.
B) rejeitar a intervenção do
acaso nos processos políticos.
C) afirmar a confiança na
razão autônoma como fundamento da ação humana.
D) romper com a tradição que
valorizava o passado como fonte de aprendizagem.
E) redefinir a ação política
com base na unidade entre fé e razão.
QUESTÃO 41 (ENEM/2012)
É verdade que nas democracias
o povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso.
Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é liberdade.
A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão
pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os
outros também teriam tal poder.
MONTESQUIEU. Do Espírito das
Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 (adaptado).
A característica de democracia
ressaltada por Montesquieu diz respeito
A) ao status de cidadania que
o indivíduo adquire ao tomar as decisões por si mesmo.
B) ao condicionamento da
liberdade dos cidadãos à conformidade às leis.
C) à possibilidade de o
cidadão participar no poder e, nesse caso, livre da submissão às leis.
D) ao livre-arbítrio do
cidadão em relação àquilo que é proibido, desde que ciente das
consequências.
E) ao direito do cidadão
exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais.
QUESTÃO 42 (ENEM/2012)
Esclarecimento é a saída do
homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a
incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo.
O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na
falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si
mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio
entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as
causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há
muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado
menores durante toda a vida.
KANT, I. Resposta à pergunta:
o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).
Kant destaca no texto o
conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto
filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa
A) a reivindicação de
autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade.
B) o exercício da
racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas.
C) a imposição de verdades
matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma.
D) a compreensão de verdades
religiosas que libertam o homem da falta de entendimento.
E) a emancipação da
subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão.
QUESTÃO 43 (ENEM/2012)
Na regulamentação de matérias
culturalmente delicadas, como, por exemplo, a linguagem oficial, os currículos
da educação pública, o status das Igrejas e das comunidades religiosas, as
normas do direito penal (por exemplo, quanto ao aborto), mas também em assuntos
menos chamativos, como, por exemplo, a posição da família e dos consórcios
semelhantes ao matrimônio, a aceitação de normas de segurança ou a delimitação
das esferas pública e privada — em tudo isso reflete-se amiúde apenas o
autoentendimento ético-político de uma cultura majoritária, dominante por
motivos históricos. Por causa de tais regras, implicitamente repressivas, mesmo
dentro de uma comunidade republicana que garanta formalmente a igualdade de
direitos para todos, pode eclodir um conflito cultural movido pelas minorias
desprezadas contra a cultura da maioria.
HABERMAS, J. A inclusão do
outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002.
A reivindicação dos direitos
culturais das minorias, como exposto por Habermas, encontra amparo nas
democracias contemporâneas, na medida em que se alcança
A) a secessão, pela qual a
minoria discriminada obteria a igualdade de direitos na condição da sua
concentração espacial, num tipo de independência nacional.
B) a reunificação da sociedade
que se encontra fragmentada em grupos de diferentes comunidades étnicas,
confissões religiosas e formas de vida, em torno da coesão de uma cultura
política nacional.
C) a coexistência das
diferenças, considerando a possibilidade de os discursos de autoentendimento se
submeterem ao debate público, cientes de que estarão vinculados à coerção do
melhor argumento.
D) a autonomia dos indivíduos
que, ao chegarem à vida adulta, tenham condições de se libertar das tradições
de suas origens em nome da harmonia da política nacional.
E) o desaparecimento de
quaisquer limitações, tais como linguagem política ou distintas convenções de
comportamento, para compor a arena política a ser compartilhada.
QUESTÃO 44 (ENEM/2012)
O que vemos no país é uma
espécie de espraiamento e a manifestação da agressividade através da violência.
Isso se desdobra de maneira evidente na criminalidade, que está presente em
todos os redutos — seja nas áreas abandonadas pelo poder público, seja na
política ou no futebol. O brasileiro não é mais violento do que outros povos,
mas a fragilidade do exercício e do reconhecimento da cidadania e a ausência do
Estado em vários territórios do país se impõem como um caldo de cultura no qual
a agressividade e a violência fincam suas raízes.
Entrevista com Joel Birman. A
Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099; 3 fev. 2010.
TEXTO II
Nenhuma sociedade pode
sobreviver sem canalizar as pulsões e emoções do indivíduo, sem um controle
muito específico de seu comportamento. Nenhum controle desse tipo é possível
sem que as pessoas anteponham limitações umas às outras, e todas as limitações
são convertidas, na pessoa a quem são impostas, em medo de um ou outro tipo.
ELIAS, N. O Processo
Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
Considerando-se a dinâmica do
processo civilizador, tal como descrito no Texto II, o argumento do Texto I
acerca da violência e agressividade na sociedade brasileira expressa a
A) incompatibilidade entre os
modos democráticos de convívio social e a presença de aparatos de controle
policial.
B) manutenção de práticas
repressivas herdadas dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos
administrativos.
C) inabilidade das forças
militares em conter a violência decorrente das ondas migratórias nas grandes
cidades brasileiras.
D) dificuldade histórica da
sociedade brasileira em institucionalizar formas de controle social compatíveis
com valores democráticos.
E) incapacidade das
instituições político-legislativas em formular mecanismos de controle social
específicos à realidade social brasileira.
QUESTÃO 45 (ENEM/2012)
As mulheres quebradeiras de
coco-babaçu dos Estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na sua grande
maioria, vivem numa situação de exclusão e subalternidade. O termo quebradeira
de coco assume o caráter de identidade coletiva na medida em que as mulheres
que sobrevivem dessa atividade e reconhecem sua posição e condição
desvalorizada pela lógica da dominação, se organizam em movimentos de
resistência e de luta pela conquista da terra, pela libertação dos babaçuais,
pela autonomia do processo produtivo. Passam a atribuir significados ao seu
trabalho e as suas experiências, tendo como principal referência sua condição
preexistente de acesso e uso dos recursos naturais.
ROCHA, M. R. T. A luta das
mulheres quebradeiras de coco-babaçu, pela libertação do coco preso e pela
posse da terra. In: Anais do VII Congresso Latino-Americano de Sociologia
Rural, Quito, 2006 (adaptado).
A organização do movimento das
quebradeiras de coco de babaçu é resultante da
A) constante violência nos
babaçuais na confluência de terras maranhenses, piauienses, paraenses e
tocantinenses, região com elevado índice de homicídios.
B) falta de identidade
coletiva das trabalhadoras, migrantes das cidades e com pouco vínculo histórico
com as áreas rurais do interior do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí.
C) escassez de água nas
regiões de veredas, ambientes naturais dos babaçus, causada pela construção de
açudes particulares, impedindo o amplo acesso público aos recursos
hídricos.
D) progressiva devastação das
matas dos cocais, em função do avanço da sojicultura nos chapadões do
Meio-Norte brasileiro.
E) dificuldade imposta pelos
fazendeiros e posseiros no acesso aos babaçuais localizados no interior de suas
propriedades.
QUESTÃO 46 (ENEM/2012)
Minha vida é andar
Por esse país
Pra ver se um dia
Descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei
GONZAGA, L.; CORDOVIL, H. A
vida de viajante, 1953. Disponível em: www.recife.pe.gov.br. Acesso em: 20 fev.
2012 (fragmento).
A letra dessa canção reflete
elementos identitários que representam a
A) valorização das
características naturais do Sertão nordestino.
B) denúncia da precariedade
social provocada pela seca.
C) experiência de deslocamento
vivenciada pelo migrante.
D) profunda desigualdade
social entre as regiões brasileiras.
E) discriminação dos
nordestinos nos grandes centros urbanos.
QUESTÃO 47 (ENEM/2012)
Um volume imenso de pesquisas
tem sido produzido para tentar avaliar os efeitos dos programas de televisão. A
maioria desses estudos diz respeito a crianças - o que é bastante compreensível
pela quantidade de tempo que elas passam em frente ao aparelho e pelas
possíveis implicações desse comportamento para a socialização. Dois dos tópicos
mais pesquisados são o impacto da televisão no âmbito do crime e da violência e
a natureza das notícias exibidas na televisão.
GIDDENS, A. Sociologia. Porto
Alegre: Artmed, 2005.
O texto indica que existe uma
significava produção científica sobre os impactos socioculturais da televisão
na vida do ser humano. E as crianças, em particular, são as mais vulneráveis a
essas influências, porque
A) codificam informações
transmitidas nos programas infantis por meio da observação.
B) adquirem conhecimentos
variados que incentivam o processo de interação social.
C) interiorizam padrões de
comportamento e papéis sociais com menor visão crítica.
D) observam formas de
convivência social baseadas na tolerância e no respeito.
E) apreendem modelos de
sociedade pautados na observância das leis.
QUESTÃO 48 (ENEM/2011)
No mundo árabe, países
governados ha décadas por regimes políticos centralizadores contabilizam metade
da população com menos de 30 anos; desses, 56% tem acesso a internet.
Sentindo-se sem perspectivas de futuro e diante da estagnação da economia,
esses jovens incubam vírus sedentos por modernidade e democracia. Em meados de
dezembro, um tunisiano de 26 anos, vendedor de frutas, põe fogo no próprio
corpo em protesto por trabalho, justiça e liberdade. Uma serie de manifestações
eclode na Tunísia e, como uma epidemia, o vírus libertário começa a se espalhar
pelos países vizinhos, derrubando em seguida o presidente do Egito, Hosni
Mubarak. Sites e redes sociais como o Facebook e o Twitter ajudaram a mobilizar
manifestantes do norte da África a ilhas do Golfo Persico.
SEQUEIRA, C. D.; VILLAMEA, L.
A epidemia da Liberdade. Istoé Internacional. 2 mar. 2011 (adaptado).
Considerando os movimentos
políticos mencionados no texto, o acesso a internet permitiu aos jovens árabes:
A)reforçar a atuação dos
regimes políticos existentes.
B) tomar conhecimento dos
fatos sem se envolver.
C)manter o distanciamento
necessário a sua segurança.
D) disseminar vírus capazes de
destruir programas dos computadores.
E) difundir ideias
revolucionárias que mobilizaram a população.
QUESTÃO 49 (ENEM/2011)
O brasileiro tem noção clara
dos comportamentos éticos e morais adequados, mas vive sob o espectro da
corrupção, revela pesquisa. Se o país fosse resultado dos padrões morais que as
pessoas dizem aprovar, pareceria mais com a Escandinávia do que com Bruzundanga
(corrompida nação fictícia de Lima Barreto).
FRAGA, P. Ninguém e inocente.
Folha de S. Paulo. 4 out. 2009 (adaptado).
O distanciamento entre
“reconhecer” e “cumprir” efetivamente o que e moral constitui uma ambigüidade
inerente ao humano, porque as normas morais são:
A) decorrentes da vontade
divina e, por esse motivo, utópicas.
B) parâmetros idealizados,
cujo cumprimento e destituído de obrigação.
C) amplas e vão além da
capacidade de o individuo conseguir cumpri-las integralmente.
D) criadas pelo homem, que
concede a si mesmo a lei a qual deve se submeter.
E) cumpridas por aqueles que
se dedicam inteiramente a observar as normas jurídicas.
QUESTÃO 50 (ENEM/2011)
Na década de 1990, os
movimentos sociais camponeses e as ONGs tiveram destaque, ao lado de outros
sujeitos coletivos. Na sociedade brasileira, a ação dos movimentos sociais vem
construindo lentamente um conjunto de práticas democráticas no interior das
escolas, das comunidades, dos grupos organizados e na interface da sociedade
civil com o Estado. O diálogo, o confronto e o conflito têm sido os motores no
processo de construção democrática.
SOUZA, M. A. Movimentos
sociais no Brasil contemporâneo: participação e possibilidades das praticas
democráticas. Disponível em: http://www.ces.uc.pt. Acesso em: 30 abr. 2010
(adaptado).
Segundo o texto, os movimentos
sociais contribuem para o processo de construção democrática, porque:
A) determinam o papel do
Estado nas transformações socioeconômicas.
B) aumentam o clima de tensão
social na sociedade civil.
C) pressionam o Estado para o
atendimento das demandas da sociedade.
D) privilegiam determinadas
parcelas da sociedade em detrimento das demais.
E) propiciam a adoção de
valores éticos pelos órgãos do Estado.
QUESTÃO 51 (ENEM/2011)
Embora o Brasil seja
signatário de convenções e tratados internacionais contra a tortura e tenha
incorporado em seu ordenamento jurídico uma lei tipificando o crime, ele
continua a ocorrer em larga escala. Mesmo que a lei que tipifica a tortura
esteja vigente desde 1997, ate o ano 2000 não se conhece nenhum caso de
condenação de torturadores julgado em ultima instância, embora tenham sido
registrados nesse período centenas de casos, além de numerosos outros
presumíveis, mas não registrados.
Disponível em:
http://www.dhnet.org.br. Acesso em: 16 jun. 2010 (adaptado).
O texto destaca a questão da
tortura no país, apontando que:
A) a justiça brasileira, por
meio de tratados e leis, tem conseguido inibir e, inclusive, extinguir a
pratica da tortura.
B) a existência da lei não
basta como garantia de justiça para as vitimas e testemunhas dos casos de
tortura.
C) as denúncias anônimas
dificultam a ação da justiça, impedindo que torturadores sejam reconhecidos e
identificados pelo crime cometido.
D) a falta de registro da
tortura por parte das autoridades policiais, em razão do desconhecimento da
tortura como crime, legitima a impunidade.
E) a justiça tem esbarrado na
precária existência de jurisprudência a respeito da tortura, o que a impede de
atuar nesses casos.
QUESTÃO 52 (ENEM/2011)
TEXTO I
A ação democrática consiste em
todos tomarem parte do processo decisório sobre aquilo que terá consequência na
vida de toda coletividade.
GALLO, S. et al. Ética e
Cidadania. Caminhos da Filosofia. Campinas: Papirus, 1997 (adaptado).
TEXTO II
É necessário que haja
liberdade de expressão, Fiscalização sobre órgãos governamentais e acesso por
parte da população as informações trazidas a publico pela imprensa.
Disponível em:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 24 abr. 2010.
Partindo da perspectiva de
democracia apresentada no Texto I, os meios de comunicação, de acordo com o
Texto II, assumem um papel relevante na sociedade por:
A) orientarem os cidadãos na
compra dos bens necessários a sua sobrevivência e bem-estar.
B) fornecerem informações que
fomentam o debate politico na esfera publica.
C) apresentarem aos cidadãos a
versão oficial dos fatos.
D) propiciarem o
entretenimento, aspecto relevante para conscientização politica.
E) promoverem a unidade
cultural, por meio das transmissões esportivas.
QUESTÃO 53 (ENEM/2011)
Os três tipos de poder
representam três diversos tipos de motivações: no poder tradicional, o motivo
da obediência e a crença na sacralidade da pessoa do soberano; no poder
racional, o motivo da obediência deriva da crença na racionalidade do
comportamento conforme a lei; no poder carismático, deriva da crença nos dotes
extraordinários do chefe.
BOBBIO, N. Estado, Governo,
Sociedade: para uma teoria geral da politica. São Paulo: Paz e Terra, 1999
(adaptado).
O texto apresenta três tipos
de poder que podem ser identificados em momentos históricos distintos.
Identifique o período em que a obediência esteve associada predominantemente ao
poder carismático:
A) República Federalista
Norte-Americana.
B) Republica Fascista Italiana
no século XX.
C) Monarquia Teocrática do
Egito Antigo.
D) Monarquia Absoluta Francesa
no século XVII.
E) Monarquia Constitucional
Brasileira no século XIX.
QUESTÃO 54 (ENEM/2011)
A Lei 10.639, de nove de
janeiro de 2003, inclui nocurrículo dos estabelecimentos de ensino fundamental
e médio, oficiais e particulares, a obrigatoriedade do ensino sobre Historia e
Cultura Afro-Brasileira e determina que o conteúdo programático inclua o estudo
da Historia da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura
negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a
contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes a
Historia do Brasil, além de instituir, no calendário escolar, o dia 20 de
novembro como data comemorativa do “Dia da Consciência Negra”.
Disponível em:
http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado).
A referida lei representa um
avanço não só para a educação nacional, mas também para a sociedade brasileira,
porque.
A) legítima o ensino das
ciências humanas nas escolas.
B) divulga conhecimentos para
a população afro-brasileira.
C) reforça a concepção
etnocêntrica sobre a África e sua cultura.
D) garante aos afro descendentes a igualdade no acesso a educação.
E) impulsiona o reconhecimento
da pluralidade etnicoracial do país.
QUESTÃO 55 (ENEM/2011)
A bandeira da Europa não é
apenas o símbolo da União Européia, mas também da unidade e da identidade da
Europa em sentido mais lato. O círculo de estrelas douradas representa a
solidariedade e a harmonia entre os povos da Europa.
Disponível em:
http://europa.eu/index_pt.htm. Acesso em: 29 abr. 2010 (adaptado).
A que se pode atribuir a
contradição intrínseca entre o que propõe a bandeira da Europa e o cotidiano
vivenciado pelas nações integrantes da União Europeia?
A) Ao contexto da década de
1930, no qual a bandeira foi forjada e em que se pretendia a fraternidade entre
os povos traumatizados pela Primeira Guerra Mundial.
B) Ao fato de que o ideal de
equilíbrio implícito na Bandeira nem sempre se coaduna com os conflitos e
rivalidades regionais tradicionais.
C) Ao fato de que Alemanha e
Itália ainda são vistas com desconfiança por Inglaterra e França mesmo após
décadas do final da Segunda Guerra Mundial.
D) Ao fato de que a bandeira
foi concebida por portugueses e espanhóis, que possuem uma convivência mais
harmônica do que as demais nações européias.
E) Ao fato de que a bandeira representa
as aspirações religiosas dos países de vocação católica, contrapondo-se ao
cotidiano das nações protestantes.
QUESTÃO 56 (ENEM/2010)
O movimento operário ofereceu
uma nova resposta ao grito do homem miserável no princípio do século XIX. A
resposta foi à consciência de classe e a ambição de classe. Os pobres então se
organizavam em uma classe específica, a classe operária, diferente da classe
dos patrões (ou capitalistas). A Revolução Francesa lhes deu confiança; a
Revolução Industrial trouxe a necessidade da mobilização permanente.
Hobsbawm, E. J. A era das
revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 1977.
No texto, analisa-se o impacto
das Revoluções Francesa e Industrial para a organização da classe operária.
Enquanto a “confiança” dada pela Revolução Francesa era originária do
significado da vitória revolucionária sobre as classes dominantes, a
“necessidade da mobilização permanente”, trazida pela Revolução Industrial,
decorria da compreensão de que:
A) a competitividade do trabalho industrial exigia
um permanente esforço de qualificação para o enfrentamento do desemprego.
B) a completa transformação da
economia capitalista seria fundamental para a emancipação dos operários.
C) a introdução das máquinas
no processo produtivo diminuía as possibilidades de ganho material para os
operários.
D) o progresso tecnológico
geraria a distribuição de riquezas para aqueles que estivessem adaptados aos
novos tempos industriais.
E) a melhoria das condições de
vida dos operários seria conquistada com as manifestações coletivas em favor
dos direitos trabalhistas.
QUESTÃO 57 (ENEM/2010)
A Convenção da ONU sobre
Direitos das Pessoas com Deficiências, realizada, em 2006, em Nova York, teve
como objetivo melhorar a vida da população de 650 milhões de pessoas com
deficiência em todo o mundo. Dessa convenção foi elaborado e acordado, entre os
países das Nações Unidas, um tratado internacional para garantir mais direitos
a esse público. Entidades ligadas aos direitos das pessoas com Deficiência
acreditam que, para o Brasil, a ratificação do tratado pode significar avanços
na implementação de leis no país.
Disponível em:
http//www.bbc.co.uk. Acesso em: 18 mai. 2010 (adaptado).
No Brasil, as políticas
públicas de inclusão social apontam para o discurso, tanto da parte do governo
quanto da iniciativa privada, sobre a efetivação da cidadania. Nesse sentido, a
temática da inclusão social de pessoas com deficiência:
A) vem sendo combatida por diversos
grupos sociais, em virtude dos elevados custos para a adaptação e manutenção de prédios e
equipamentos públicos.
B) está assumindo o status de
política pública bem como representa um diferencial positivo de marketing
institucional.
C) reflete prática que
viabiliza políticas compensatórias voltadas somente para as pessoas desse grupo
que estão socialmente organizadas.
D) associa-se a uma estratégia
de mercado que objetiva Atrair consumidores com algum tipo de deficiência,
embora esteja descolada das metas da globalização.
E) representa preocupação
isolada, visto que o Estado ainda as discrimina e não lhes possibilita meios de
integração à sociedade sob a ótica econômica.
QUESTÃO 58 (ENEM/2010)
Chegança
Sou Pataxó,
Sou Xavante e Carriri,
Ianomâmi, sou Tupi
Guarani, sou Carajá.
Sou Pancaruru,
Carijó, Tupinajé,
Sou Potiguar, sou Caeté,
Ful-ni-ô, Tupinambá.
Eu atraquei num porto muito
seguro,
Céu azul, paz e ar puro...
Botei as pernas pro ar.
Logo sonhei que estava no
paraíso,
Onde nem era preciso dormir
para sonhar.
Mas de repente me acordei com
a surpresa:
Uma esquadra portuguesa veio
na praia atracar.
Da grande-nau,
Um branco de barba escura,
Vestindo uma armadura me
apontou pra me
pegar.
E assustado dei um pulo da
rede,
Pressenti a fome, a sede,
Eu pensei: “vão me acabar”.
Levantei-me de Borduna já na
mão.
Aí, senti no coração,
O Brasil vai começar.
NÓBREGA, A.; FREIRE, W. CD
Pernambuco falando para o mundo, 1998.
A letra da canção apresenta um
tema recorrente nahistória da colonização brasileira, as relações de poder
entre portugueses e povos nativos, e representa uma crítica à ideia presente no
chamado mito:
A) da democracia racial,
originado das relações cordiais estabelecidas entre portugueses e nativos no
período anterior ao início da colonização brasileira.
B) da cordialidade brasileira,
advinda da forma como os povos nativos se associaram economicamente aos
portugueses, participando dos negócios coloniais açucareiros.
C) do brasileiro receptivo,
oriundo da facilidade com que os nativos brasileiros aceitaram as regras
impostas pelo colonizador, o que garantiu o sucesso da colonização.
D) da natural miscigenação,
resultante da forma como a metrópole incentivou a união entre colonos,
ex-escravas e nativas para acelerar o povoamento da colônia.
E) do encontro, que identifica
a colonização portuguesa como pacífica em função das relações de troca
estabelecidas nos primeiros contatos entre portugueses e nativos.
QUESTÃO 59 (ENEM/2010)
Ó sublime pergaminho
Libertação geral
A princesa chorou ao receber
A rosa de ouro papal
Uma chuva de flores cobriu o
salão
E o negro jornalista
De joelhos beijou a sua mão
Uma voz na varanda do paço
ecoou:
“Meu Deus, meu Deus
Está extinta a escravidão”
MELODIA, Z; RUSSO, N;
MADRUGADA, C. Sublime pergaminho. Disponível em http:// www.
letras.terra.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010.
O samba-enredo de 1968 reflete
e reforça uma concepção acerca do fim da escravidão ainda viva em nossa
memória, mas que não encontra respaldo nos estudos históricos mais recentes.
Nessa concepção ultrapassada, a abolição é apresentada como:
A) conquista dos trabalhadores
urbanos livres, que demandavam a redução da jornada de trabalho.
B) concessão do governo, que
ofereceu benefícios aos negros, sem consideração pelas lutas de escravos e
abolicionistas.
C) ruptura na estrutura
socioeconômica do país, sendo responsável pela otimização da inclusão social
dos libertos.
D) fruto de um pacto social,
uma vez que agradaria os agentes históricos envolvidos na questão: fazendeiros,
governo e escravos.
E) forma de inclusão social,
uma vez que a abolição possibilitaria a concretização de direitos civis e
sociais para os negros.
QUESTÃO 60 (ENEM/2010)
Na antiga Grécia, o teatro
tratou de questões como destino, castigo e justiça. Muitos gregos sabiam de cor
inúmeros versos das peças dos seus grandes autores. Na Inglaterra dos séculos
XVI e XVII, Shakespeare produziu peças nas quais temas como o amor, o poder, o
bem e o mal foram tratados. Nessas peças, os grandes personagens falavam em
verso e os demais em prosa. No Brasil colonial, os índios aprenderam com os
jesuítas a representar peças de caráter religioso.
Esses fatos são exemplos de
que, em diferentes tempos e situações, o teatro é uma forma:
A) de manipulação do povo pelo
poder, que controla o teatro.
B) de diversão e de expressão
dos valores e problemas da sociedade.
C) de entretenimento popular,
que se esgota na sua função de distrair.
D) de manipulação do povo
pelos intelectuais que compõem as peças.
E) de entretenimento, que foi
superada e hoje é substituída pela televisão.
QUESTÃO 61 (ENEM/2010)
A ética exige um governo que
amplie a igualdade entre os cidadãos. Essa é a base da pátria. Sem ela, muitos
indivíduos não se sentem “em casa”, experimentam-se como estrangeiros em seu próprio lugar de
nascimento.
SILVA, R. R. Ética, defesa
nacional, cooperação dos povos. OLIVEIRA, E. R (Org.) Segurança & defesa
nacional: da competição à cooperação regional. São Paulo: Fundação Memorial da
América Latina, 2007 (adaptado).
Os pressupostos éticos são
essenciais para a estruturação política e integração de indivíduos em uma
sociedade. De acordo com o texto, a ética corresponde a
A) valores e costumes
partilhados pela maioria da sociedade.
B) preceitos normativos
impostos pela coação das leis jurídicas.
C) normas determinadas pelo
governo, diferentes das leis estrangeiras.
D) transferência dos valores
praticados em casa para a esfera social.
E) proibição da interferência
de estrangeiros em nossa pátria.
QUESTÃO 62 (ENEM/2010)
Dali avistamos homens que
andavam pela praia, obra de sete ou oito. Eram pardos, todos nus. Nas mãos
traziam arcos com suas setas. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar
suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos
traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e
verdadeiros. Os cabelos seus são corredios.
CAMINHA, P. V. Carta.
RIBEIRO, D. et al. Viagem pela história do Brasil: documentos.
São Paulo: Companhia das
Letras, 1997 (adaptado).
O texto é parte da famosa
Carta de Pero Vaz de Caminha, documento fundamental para a formação da
identidade brasileira. Tratando da relação que, desde esse primeiro contato, se
estabeleceu entre portugueses e indígenas, esse trecho da carta revela a:
A) preocupação em garantir a
integridade do colonizador diante da resistência dos índios à ocupação da
terra.
B) postura etnocêntrica do
europeu diante das características físicas e práticas culturais do indígena.
C) orientação da política da
Coroa Portuguesa quanto à utilização dos nativos como mão de obra para
colonizar a nova terra.
D) oposição de interesses
entre portugueses e índios, que dificultava o trabalho catequético e exigia
amplos recursos para a defesa da posse da nova terra.
E) abundância da terra
descoberta, o que possibilitou a sua incorporação aos interesses mercantis
portugueses, por meio da exploração econômica dos índios.
QUESTÃO 63 (ENEM/2010)
No século XX, o transporte
rodoviário e a aviação civil aceleraram o intercâmbio de pessoas e mercadorias,
fazendo com que as distâncias e a percepção subjetiva das mesmas se reduzissem
constantemente. É possível apontar uma tendência de universalização em vários
campos por exemplo, na globalização da economia, no armamentismo nuclear, na
manipulação genética, entre outros.
HABERMAS, J. A constelação
pós-nacional: ensaios políticos. São Paulo: Littera Mundi, 2001 (adaptado).
Os impactos e efeitos dessa
universalização, conforme Descritos no texto, podem ser analisados do ponto de
vista moral, o que leva à defesa da criação de normas universais que estejam de
acordo com:
A) os valores culturais
praticados pelos diferentes povos em suas tradições e costumes locais.
B) os pactos assinados pelos
grandes líderes políticos, os quais dispõem de condições para tomar decisões.
C) os sentimentos de respeito
e fé no cumprimento de valores religiosos relativos à justiça divina.
D) os sistemas políticos e
seus processos consensuais e democráticos de formação de normas gerais.
E) os imperativos
técnico-científicos, que determinam com exatidão o grau de justiça das normas.
QUESTÃO 64 (ENEM/2010)
Ato Institucional nº 5 de 13
de dezembro de 1968 Art. 10: Fica suspensa a garantia de habeas corpus, nos
casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e
social e a economia popular.
Art. 11: Excluem-se de
qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato
Institucional e seus Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos.
Disponível em:
http://www.senado.gov.br. Acesso em: 29 jul. 2010.
O Ato Institucional nº 5 é
considerado por muitos autores um “golpe dentro do golpe”. Nos artigos do AI-5
selecionados, o governo militar procurou limitar a atuação do Poder Judiciário,
porque isso significava:
A) a substituição da
Constituição de 1967.
B) o início do processo de
distensão política.
C) a garantia legal para o
autoritarismo dos juízes.
D) a ampliação dos poderes nas
mãos do Executivo.
E) a revogação dos
instrumentos jurídicos implantados durante o golpe de 1964.
QUESTÃO 65 (ENEM/2010)
Alexandria começou a ser
construída em 332 a. C. por Alexandre, o Grande, e, em poucos anos, tornou-se
um polo de estudos sobre matemática, filosofia e ciência gregas. Meio século
mais tarde, Ptolomeu II ergueu uma enorme biblioteca e um museu que funcionou
como centro de pesquisa. A biblioteca reuniu entre 200 mil e 500 mil papiros e,
com o museu, transformou a cidade no maior núcleo intelectual da época,
especialmente entre os anos 290 e 88 a.C. A partir de então, sofreu sucessivos
ataques de romanos, cristãos e árabes, o que resultou na destruição ou perda de
quase todo o seu acervo.
RIBEIRO, F. Aventuras na
história. São Paulo: Abril. ed. 81, abr. 2010 (adaptado).
A biblioteca de Alexandria
exerceu durante certo tempo um papel fundamental para a produção do
conhecimento e memória das civilizações antigas, porque:
A) eternizou o nome de
Alexandre, o Grande, e zelou pelas narrativas dos seus grandes feitos.
B) funcionou como um centro de
pesquisa acadêmica e deu origem às universidades modernas.
C) preservou o legado da
cultura grega em diferentes áreas do conhecimento e permitiu sua transmissão a
outros povos.
D) transformou a cidade de
Alexandria no centro urbano mais importante da Antiguidade.
E) reuniu os principais
registros arqueológicos até então existentes e fez avançar a museologia antiga.
QUESTÃO 66 (ENEM/2010)
Quando Édipo nasceu, seus
pais, Laio e Jocasta, os reis de Tebas, foram informados de uma profecia na
qual o filho mataria o pai e se casaria com a mãe. Para evitá-la, ordenaram a
um criado que matasse o menino. Porém, penalizado com a sorte de Édipo, ele o
entregou a um casal de camponeses que morava longe de Tebas para que o criasse.
Édipo soube da profecia quando se tornou adulto. Saiu então da casa de seus
pais para evitar a tragédia. Eis que, perambulando pelos caminhos da Grécia,
encontrou-se com Laio e seu séquito, que, insolentemente, ordenou que saísse da
estrada. Édipo reagiu e matou todos os integrantes do grupo, sem saber que
entre eles estava seu verdadeiro pai. Continuou a viagem até chegar a Tebas,
dominada por uma Esfinge. Ele decifrou o enigma da Esfinge, tornou-se rei de
Tebas e casou-se com a rainha, Jocasta, a mãe que desconhecia.
Disponível em:
http://www.culturabrasil.org. Acesso em: 28 ago. 2010 (adaptado).
No mito Édipo Rei, são dignos
de destaque os temas do destino e do determinismo. Ambos são características do
mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e providência divina. A
expressão filosófica que toma como pressuposta a tese do determinismo é:
A) “Nasci para satisfazer a
grande necessidade que eu tinha de mim mesmo.” Jean Paul Sartre
B) “Ter fé é assinar uma folha
em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser.”
Santo Agostinho
C) “Quem não tem medo da vida
também não tem medo da morte.” Arthur Schopenhauer
D) “Não me pergunte quem sou
eu e não me diga para permanecer o mesmo”. Michel
Foucault
E) “O homem, em seu orgulho,
criou a Deus a sua imagem e semelhança”. Friedrich Nietzsche
QUESTÃO 67 (ENEM/2010)
O artigo 402 do Código penal
Brasileiro de 1890 dizia:
Fazer nas ruas e praças
públicas exercícios de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela
denominação de capoeiragem: andar em correrias, com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesão corporal, provocando tumulto ou desordens.
Pena: Prisão de dois a seis
meses.
A Negregada instituição: os
capoeiras no Rio de Janeiro: 1850-1890.Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1994
(adaptado).
O artigo do primeiro Código
Penal Republicano naturaliza medidas socialmente excludentes.
Nesse contexto, tal
regulamento expressava:
A) a manutenção de parte da
legislação do Império com vistas ao controle da criminalidade urbana.
B) a defesa do retorno do
cativeiro e escravidão pelos primeiros governos do período republicano.
C) o caráter disciplinador de
uma sociedade industrializada, desejosa de um equilíbrio entre progresso e
civilização.
D) a criminalização de
práticas culturais e a persistência de valores que vinculavam certos grupos ao
passado de escravidão.
E) o poder do regime
escravista, que mantinha os negros como categoria social inferior, discriminada
e segregada.
QUESTÃO 68 (ENEM/2010)
A política foi, inicialmente,
a arte de impedir as pessoas de se ocuparem do que lhes diz respeito.
Posteriormente, passou a ser a arte de compelir as pessoas a decidirem sobre
aquilo de que nada entendem.
VALÉRY, P. Cadernos. Apud
BENEVIDES, M. V. M. A cidadania ativa. São Paulo: Ática, 1996.
Nessa definição o autor
entende que a história da política está dividida em dois momentos principais:
um primeiro, marcado pelo autoritarismo excludente, e um segundo, caracterizado
por uma democracia incompleta.
Considerando o texto, qual é o
elemento comum a esses dois momentos da história política?
A) A distribuição equilibrada
do poder.
B) O impedimento da
participação popular.
C) O controle das decisões por
uma minoria.
D) A valorização das opiniões
mais competentes.
E) A sistematização dos processos
decisórios.
QUESTÃO 69 (ENEM/2010)
O príncipe, portanto, não deve
se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e
leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que
outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e
ao roubo.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São
Paulo: Martin Claret, 2009.
No século XVI, Maquiavel
escreveu O Príncipe, reflexão sobre a Monarquia e a função do governante. A
manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na:
A) inércia do julgamento de
crimes polêmicos.
B) bondade em relação ao
comportamento dos mercenários.
C) compaixão quanto à
condenação dos servos.
D) neutralidade diante da
condenação dos servos.
E) conveniência entre o poder
tirânico e a moral do príncipe
QUESTÃO 70 (ENEM/2010)
A lei não nasce da natureza,
junto das fontes frequentadas pelos primeiros pastores; a lei nasce das
batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm sua data e
seus heróis de horror: a lei nasce das cidades incendiadas, das terras
devastadas; ela nasce com os famosos inocentes que agonizam no dia que está
amanhecendo.
FOUCAULT, Michel. Aula de 14
de janeiro de 1976. In: Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes,
1999.
O filósofo Michel Foucault
(séc. XX) inova ao pensar a política e a lei em relação ao poder e à
organização social. Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis na
organização das sociedades modernas é:
A) combater ações violentas na
guerra entre as nações.
B) coagir e servir para
refrear a agressividade humana.
C) criar limites entre a
guerra e a paz praticadas entre os indivíduos de uma mesma nação.
D) estabelecer princípios
éticos que regulamentam as ações bélicas entre países inimigos.
E) organizar as relações de
poder na sociedade e entre os Estados.
QUESTÃO 71 (ENEM/2010)
Opinião
Podem me prender
Podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião.
Aqui do morro eu não saio não
Aqui do morro eu não saio não.
Se não tem água
Eu furo um poço
Se não tem carne
Eu compro um osso e ponho na
sopa
E deixa andar, deixa andar...
Falem de mim
Quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã seu
doutor,
Estou pertinho do céu
Zé Ketti. Opinião. Disponível
em: http:/www.mpbnet.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010
Essa música fez parte de um
importante espetáculo teatral que estreou no ano de 1964, no Rio de Janeiro. O
papel exercido pela Música Popular Brasileira (MPB) nesse contexto, evidenciado
pela letra de música citada, foi o de:
A) entretenimento para os
grupos intelectuais.
B) valorização do progresso
econômico do país.
C) crítica à passividade dos
setores populares.
D) denúncia da situação social
e política do país.
E) mobilização dos setores que
apoiavam a Ditadura Militar.
QUESTÃO 72 (ENEM/2010)
A ética precisa ser
compreendida como um empreendimento coletivo a ser constantemente retomado e
rediscutido, porque é produto da relação social se organize sentindo-se
responsável por todos e que crie condições para o exercício de um pensar e agir
autônomos. A relação entre ética e política é também uma questão de educação e
luta pela soberania dos povos. É necessária uma ética renovada, que se construa
a partir da natureza dos valores sociais para organizar também uma nova prática
política.
CORDI et al. Para filosofar.
São Paulo: Scipione, 2007 (adaptado).
O Século XX teve de repensar a
ética para enfrentar novos problemas oriundos de diferentes crises sociais,
conflitos ideológicos e contradições da realidade. Sob esse enfoque e a partir
do texto, a ética pode ser:
A) compreendida como
instrumento de garantia da cidadania, porque através dela os cidadãos passam a
pensar e agir de acordo com valores coletivos.
B) mecanismo de criação de
direitos humanos, porque é da natureza do homem ser ético e virtuoso.
C) meio para resolver os
conflitos sociais no cenário da globalização, pois a partir do entendimento do
que é efetivamente a ética, a política internacional se realiza.
D) parâmetro para assegurar o
exercício político primando pelos interesses e ação privada dos cidadãos.
E) aceitação de valores
universais implícitos numa sociedade que busca dimensionar sua vinculação à
outras sociedades.
QUESTÃO 73 (ENEM/2010)
“Pecado nefando” era expressão correntemente
utilizada pelos inquisidores para a sodomia.
Nefandus: o que não pode ser
dito. A Assembléia de clérigos reunida em Salvador, em 1707, considerou a
sodomia “tão péssimo e horrendo crime”, tão contrário à lei da natureza, que “era indigno de ser nomeado” e,
por isso mesmo, nefando.
O número de homossexuais
assassinados no Brasil bateu o recorde histórico em 2009. De acordo com o
Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais LGBT – Lésbicas, Gays,
Bissexuais e Travestis, nesse ano foram registrados 195 mortos por motivação
homofóbica no País.
A homofobia é a rejeição e
menosprezo à orientação sexual do outro e, muitas vezes, expressa-se sob a
forma de comportamentos violentos. Os textos indicam que as condenações
públicas, perseguições e assassinatos de homossexuais no país estão
associadas:
A) à baixa representatividade
política de grupos organizados que defendem os direitos de cidadania dos
homossexuais.
B) à falência da democracia no
país, que torna impeditiva a divulgação de estatísticas relacionadas à
violência contra homossexuais.
C) à Constituição de 1988, que
exclui do tecido social os homossexuais, além de impedi-los de exercer seus
direitos políticos.
D) a um passado histórico
marcado pela demonização do corpo e por formas recorrentes de tabus e
intolerância.
E) a uma política eugênica
desenvolvida pelo Estado, justificada a partir dos posicionamentos de correntes
filosófico-científica
QUESTÃO 74 (ENEM/2010)
Judiciário contribuiu com
ditadura no Chile, diz Juiz Guzmán Tapia As cortes de apelação rejeitaram mais
de 10 mil habeas corpus nos casos das pessoas desaparecidas. Nos tribunais
militares, todas as causas foram concluídas com suspensões temporárias ou
definitivas, e os desaparecimentos políticos tiveram apenas trâmite formal na
Justiça. Assim, o Poder Judiciário contribuiu para que os agentes estatais
ficassem impunes.
Disponível em:
http://www.cartamaior.com.br.Acesso em: 20 jul. 2010
Segundo o texto, durante a
ditadura chilena na década de 1970, a relação entre os poderes Executivo e
Judiciário caracterizava-se pela:
A) preservação da autonomia
institucional entre os poderes.
B) valorização da atuação
independente de alguns juízes.
C) manutenção da interferência
jurídica nos atos executivos.
D) transferência das funções
dos juízes para o chefe de Estado.
E) subordinação do poder
judiciário aos interesses políticos dominantes
QUESTÃO 75 (ENEM/2010)
Na ética contemporânea, o
sujeito não é mais um sujeito substancial, soberano e absolutamente livre, nem
um sujeito empírico puramente natural. Ele é simultaneamente os dois, na medida
em que é um sujeito histórico-social. Assim, a ética adquire um dimensionamento
político, uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora
da relação social coletiva. Desse modo, a ética se entrelaça, necessariamente,
com a política, entendida esta como a área de avaliação dos valores que
atravessam as relações sociais e que interliga os indivíduos entre si.
SEVERINO. A. J. Filosofia
O texto, ao evocar a dimensão
histórica do processo deformação da ética na sociedade contemporânea, ressalta:
A) os conteúdos éticos
decorrentes das ideologias político-partidárias.
B) o valor da ação humana
derivada de preceitos metafísicos.
C) a sistematização de valores
desassociados da cultura.
D) o sentido coletivo e
político das ações humanas individuais.
E) o julgamento da ação ética
pelos políticos eleitos democraticamente
QUESTÃO 76 (ENEM/2010)
Uma suposta “vacina” contra o
despotismo, em um contexto democrático, tem por objetivo:
A) impedir a contratação de
familiares para o serviço público.
B) reduzir a ação das
instituições constitucionais.
C) combater a distribuição
equilibrada de poder.
D) evitar a escolha de
governantes autoritários.
E) restringir a atuação do
Parlamento.
QUESTÃO 77 (ENEM/2009)
A Idade Média é um extenso
período da História do Ocidente cuja memória é construída e reconstruída
segundo as circunstâncias das épocas posteriores. Assim, desde o Renascimento,
esse período vem sendo alvo de diversas interpretações que dizem mais sobre o
contexto histórico em que são produzidas do que propriamente sobre o Medievo.
Um exemplo acerca do que está
exposto no texto acima é:
A) a associação que Hitler
estabeleceu entre o III Reich e o Sacro Império Romano Germânico.
B) o retorno dos valores
cristãos medievais, presentes nos documentos do Concílio Vaticano II.
C) a luta dos negros
sul-africanos contra o apartheid inspirada por valores dos primeiros cristãos.
D) o fortalecimento político
de Napoleão Bonaparte, que se justificava na amplitude de poderes que tivera
Carlos Magno.
E) a tradição heróica da
cavalaria medieval, que foi afetada negativamente pelas produções
cinematográficas de Hollywood.
QUESTÃO 78 (ENEM/2009)
Os regimes totalitários da
primeira metade do século XX apoiaram-se fortemente na mobilização da juventude
em torno da defesa de ideias grandiosas para o futuro da nação. Nesses
projetos, os jovens deveriam entender que só havia uma pessoa digna de ser
amada e obedecida, que era o líder. Tais movimentos sociais juvenis
contribuíram para a implantação e a sustentação do nazismo, na Alemanha, e do
fascismo, na Itália, Espanha e Portugal.
A atuação desses movimentos
juvenis caracterizava-se:
A) pelo sectarismo e pela
forma violenta e radical com que enfrentavam os opositores ao regime.
B) pelas propostas de
conscientização da população acerca dos seus direitos como cidadãos.
C) pela promoção de um modo de
vida saudável, que mostrava os jovens como exemplos a seguir.
D) pelo diálogo, ao organizar
debates que opunham jovens idealistas e velhas lideranças conservadoras.
E) pelos métodos políticos
populistas e pela organização de comícios multitudinários.
QUESTÃO 79 (ENEM/2009)
Os Yanomami constituem uma
sociedade indígena do norte da Amazônia e formam um amplo conjunto linguístico
e cultural. Para os Yanomami, urihi, a “terrafloresta”,não é um mero cenário
inerte, objeto de exploração econômica, e sim uma entidade viva, animada por
uma dinâmica de trocas entre os diversos seres que a povoam. A floresta possui
um sopro vital, wixia, que é muito longo. Se não a desmatarmos, ela não
morrerá. Ela não se decompõe, isto é, não se desfaz. É graças ao seu sopro
úmido que as plantas crescem. A floresta não está morta pois, se fosse assim,
as florestas não teriam folhas. Tampouco se veria água. Segundo os Yanomami, se
os brancos os fizerem desaparecer para desmatá-la e morar no seu lugar, ficarão
pobres e acabarão tendo fome e sede.
ALBERT, B. Yanomami, o
espírito da floresta. Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: ISA, 2007
(adaptado).
De acordo com o texto, os
Yanomami acreditam que:
A) a floresta não possui
organismos decompositores.
B) o potencial econômico da
floresta deve ser explorado.
C) o homem branco convive
harmonicamente com urihi.
D) as folhas e a água são
menos importantes para a floresta que seu sopro vital.
E) Wixia é a capacidade que
tem a floresta de se sustentar por meio de processos vitais.
QUESTÃO 80 (ENEM/2009)
Na democracia estado-unidense,
os cidadãos são incluídos na sociedade pelo exercício pleno dos direitos
políticos e também pela ideia geral de direito de propriedade. Compete ao
governo garantir que esse direito não seja violado. Como consequência, mesmo
aqueles que possuem uma pequena propriedade sentem-se cidadãos de pleno
direito.
Na tradição política dos EUA,
uma forma de incluir socialmente os cidadãos é:
A) submeter o indivíduo à
proteção do governo.
B) hierarquizar os indivíduos
segundo suas posses.
C) estimular a formação de
propriedades comunais.
D) vincular democracia e
possibilidades econômicas individuais.
E) defender a obrigação de que
todos os indivíduos tenham propriedades.
QUESTÃO 81 (ENEM/2009)
Na década de 30 do século XIX,
Tocqueville escreveu as seguintes linhas a respeito da moralidade nos EUA: “A
opinião pública norte-americana é particularmente dura com a falta de moral,
pois esta desvia a atenção frente à busca do bem-estar e prejudica a harmonia
doméstica, que é tão essencial ao sucesso dos negócios. Nesse sentido, pode-se
dizer que ser casto é uma questão de honra”.
TOCQUEVILLE,
A. Democracy in America. Chicago: Encyclopaedia Britannica, Inc.,Great Books
44, 1990 (adaptado).
Do trecho, infere-se que, para
Tocqueville, os norte americanos do seu tempo:
A) buscavam o êxito, descurando
as virtudes cívicas.
B) tinham na vida moral uma
garantia de enriquecimento rápido.
C) valorizavam um conceito de
honra dissociado do comportamento ético.
D) relacionavam a conduta
moral dos indivíduos com o progresso econômico.
E) acreditavam que o
comportamento casto perturbava a harmonia doméstica.
QUESTÃO 82 (ENEM/2009)
Segundo Aristóteles, “na
cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente
justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de
negócios, esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as
qualidades morais, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania,
pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à
prática das atividades políticas”.
VAN ACKER, T. Grécia. A vida
cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.
O trecho, retirado da obra
Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania:
A) possui uma dimensão
histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de
qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem
de trabalhar.
B) era entendida como uma
dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção
política profundamente hierarquizada da sociedade.
C) estava vinculada, na Grécia
Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os habitantes da
pólis a participarem da vida cívica.
D) tinha profundas conexões
com a justiça, razão pelaqual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado
às atividades vinculadas aos tribunais.
E) vivida pelos atenienses
era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempo
para resolver os problemas da cidade.
QUESTÃO 83 (ENEM/2009)
A definição de eleitor foi
tema de artigos nas Constituições brasileiras de 1891 e de 1934. Diz a
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891: Art. 70. São
eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei. A
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1934, por sua vez,
estabelece que: Art. 180. São eleitores os brasileiros de um e de outro sexo,
maiores de 18 anos, que se alistarem na forma da lei.
Ao se comparar os dois
artigos, no que diz respeito ao gênero dos eleitores, depreende-se que:
A) a Constituição de 1934
avançou ao reduzir a idade mínima para votar.
B) a Constituição de 1891, ao
se referir a cidadãos, referia-se também às mulheres.
C) os textos de ambas as
Cartas permitiam que qualquer cidadão fosse eleitor.
D) o texto da carta de 1891 já
permitia o voto feminino.
E) a Constituição de 1891
considerava eleitores apenas indivíduos do sexo masculino.
QUESTÃO 84 (ENEM/2009)
No período 750-338 a. C., a
Grécia antiga era composta por cidades-Estado, como por exemplo Atenas,
Esparta, Tebas, que eram independentes umas das outras, mas partilhavam algumas
características culturais, como a língua grega. No centro da Grécia, Delfos era
um lugar de culto religioso frequentado por habitantes de todas as
cidades-Estado.
No período 1200-1600 d. C., na
parte da Amazônia brasileira onde hoje está o Parque Nacional do Xingu, há
vestígios de quinze cidades que eram cercadas por muros de madeira e que tinham
até dois mil e quinhentos habitantes cada uma. Essas cidades eram ligadas por
estradas a centros cerimoniais com grandes praças. Em torno delas havia roças,
pomares e tanques para a criação de tartarugas. Aparentemente, epidemias
dizimaram grande parte da população que lá vivia.
Folha de S. Paulo, ago. 2008
(adaptado).
Apesar das diferenças
históricas e geográficas existentes entre as duas civilizações elas são
semelhantes, pois:
A) as ruínas das cidades
mencionadas atestam que grandes epidemias dizimaram suas populações.
B) as cidades do Xingu
desenvolveram a democracia, tal como foi concebida em Tebas.
C) as duas civilizações tinham
cidades autônomas e independentes entre si.
D) os povos do Xingu falavam
uma mesma língua, tal como nas cidades-Estado da Grécia.
E) as cidades do Xingu
dedicavam-se à arte e à filosofia tal como na Grécia.
QUESTÃO 85 (ENEM/2009)
Quatro olhos, quatro mãos e
duas cabeças formam a dupla de "Os gemeos". Eles cresceram pintando
muros do bairro Cambuci, em São Paulo, e agora têm suas obras expostas na
conceituada Deitch Gallery em Nova Iorque, prova de que o grafite feito no
Brasil é apreciado por outras culturas. Muitos lugares abandonados e sem
manutenção pelas prefeituras das cidades tornam-se mais agradáveis e humanos
com os grafites pintados nos muros. Atualmente, instituições públicas educativas
recorrem ao grafite como forma de expressão artística, o que propicia a
inclusão social de adolescentes carentes, demonstrando que o grafite é
considerado uma categoria de arte aceita e reconhecida pelo campo da cultura e
pela sociedade local e internacional.
Disponível em:
http://www.flickr.com. Acesso em: 10 set. 2008 (adaptado).
No processo social de
reconhecimento de valores culturais, considera-se que:
A) grafite é o mesmo que
pichação e suja a cidade, sendo diferente da obra dos artistas.
B) a população das grandes
metrópoles depara-se afim muitos problemas sociais, como os grafites e as
pichações.
C) atualmente, a arte não pode
ser usada para inclusão social, ao contrário do grafite.
D) os grafiteiros podem
conseguir projeção internacional, demonstrando que a arte do grafite não tem
fronteiras culturais.
E) lugares abandonados e sem
manutenção tornam-se ainda mais desagradáveis com a aplicação do grafite.
QUESTÃO 86 (ENEM/2009)
"Boicote ao
militarismo", propôs o deputado federal Márcio Moreira Alves, do Movimento
Democrático Brasileiro (MDB), em 2 de Setembro de 1968, conclamando o povo a
reagir contra a ditadura. O clima vinha tenso desde o ano anterior com forte
repressão ao movimento estudantil e à primeira greve operária do regime
militar. O discurso do deputado foi a 'gota d`água'. A resposta veio no dia 13
de dezembro com a promulgação do Ato institucional nº 5 (AI 5).
DITADURA descarada. In:
Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro ano 4, n. 39, dez.
2008 (adaptado).
Considerando o contexto
histórico e político descrito acima o AI 5 significou:
A) a restauração da democracia
no Brasil na década de 60.
B) o fortalecimento do regime
parlamentarista brasileiro durante o ano de 1968.
C) o enfraquecimento do poder
central ao convocar eleições no ano de 1970.
D) o desrespeito à
Constituição vigente e aos direitos civis do pais a partir de 1968.
E) a responsabilização
jurídica dos deputados por seus pronunciamentos a partir de 1968.
QUESTÃO 87 (ENEM/2009)
O índio do Xingu, que ainda
acredita em Tupã, assiste pela televisão a uma partida de futebol que acontece
em Barcelona ou a um show dos Rolling Stones na praia de Copacabana. Não
obstante, não há que se iludir: o índio não vive na mesma realidade em que um
morador do Harlem ou de Hong Kong, uma vez que são distintas as relações dessas
diferentes pessoas com a realidade do mundo moderno; isso porque o homem é um
ser cultural, que se apoia nos valores da sua comunidade, que, de fato, são os
seus.
GULLAR, F. Folha de S. Paulo.
São Paulo: 19 out. 2008 (adaptado).
Ao comparar essas diferentes
sociedades em seu contexto histórico, verifica-se que:
A) pessoas de diferentes
lugares, por fazerem uso de tecnologias de vanguarda, desfrutam da mesma
realidade cultural.
B) o índio assiste ao futebol
e ao show, mas não é capaz de entendê-los, porque não pertencem à sua cultura.
C) pessoas com culturas,
valores e relações diversas têm, hoje em dia, acesso às mesmas informações.
D) os moradores do Harlem e de
Hong Kong, devido à riqueza de sua História, têm uma visão mais aprimorada da
realidade.
E) a crença em Tupã revela um
povo atrasado, enquanto os moradores do Harlem e de Hong Kong, mais ricos,
vivem de acordo com o presente.
QUESTÃO 88 (ENEM/2009)
A política implica o
envolvimento da comunidade cívica na definição do interesse público. Vale
dizer, portanto, que o cenário original da política, no lugar de uma relação
vertical e intransponível entre soberanos e súditos na qual a força e a
capacidade de impor o medo exercem papel fundamental, sustenta-se em um
experimento horizontal. Igualdade política, acesso pleno ao uso da palavra e
ausência de medo constituem as suas cláusulas pétreas.
LESSA, R. Sobre a invenção da
política. Ciência Hoje. Rio de Janeiro v.42 n. 251. ago. 2008 (adaptado).
A organização da sociedade no
espaço é um processo histórico-geográfico, articulado ao desenvolvimento das
técnicas, à utilização dos recursos naturais e à produção de objetos
industrializamos. Política é, portanto, uma organização dinâmica e complexa,
possível apenas pela existência de determinados conjuntos de leis e regras, que
regulam a vida em sociedade. Nesse contexto, a participação coletiva é:
A) necessária para que
prevaleça a autonomia social.
B) imprescindível para uma
sociedade livre de conflitos.
C) decisiva para tornar a
cidade atraente para os investimentos.
D) indispensável para a
construção de uma imagem de cidade ideal.
E) indissociável dos avanços
técnicos que proporcionam aumento na oferta de empregos.
QUESTÃO 89 (ENEM/2009)
Um aspecto importante derivado
da natureza histórica da cidadania é que esta se desenvolveu dentro do
fenômeno, também histórico, a que se denomina Estado-nação.
Nessa perspectiva, a
construção da cidadania na modernidade tem a ver com a relação das pessoas com
o Estado e com a nação.
CARVALHO, J. M. Cidadania no
Brasil: o longo caminho. In: Civilização Brasileira. Rio de Janeiro: 2004
(adaptado).
Considerando-se a reflexão
acima, um exemplo relacionado a essa perspectiva de construção da cidadania é
encontrado:
A) em D. Pedro I, que concedeu
amplos direitos sociais aos trabalhadores, posteriormente ampliados por Getúlio
Vargas com a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
B) na independência, que abriu
caminho para a democracia e a liberdade, ampliando o direito político de votar
aos cidadãos brasileiros, inclusive às mulheres.
C) no fato de os direitos
civis terem sido prejudicados pela Constituição de 1988, que desprezou os
grandes avanços que, nessa área, havia estabelecido a Constituição anterior.
D) no Código de Defesa do
Consumidor, ao pretender reforçar uma tendência que se anunciava na área dos
direitos civis desde a primeira constituição republicana.
E) na Constituição de 1988,
que, pela primeira vez na história do país, definiu o racismo como crime
inafiançável e imprescritível, alargando o alcance dos direitos civis.
QUESTÃO 90 (ENEM/2009)
Para uns, a Idade Média foi
uma época de trevas, pestes, fome, guerras sanguinárias, superstições,
crueldade. Para outros, uma época de bons cavaleiros, damas corteses, fadas,
guerras honradas, torneios, grandes ideais. Ou seja, uma Idade Média “má” e uma
Idade Média “boa”. Tal disparidade de apreciações com relação a esse período da
História se deve:
A) ao Renascimento, que
começou a valorizar a comprovação documental do passado, formando acervos
documentais que mostram tanto a realidade “boa” quanto a “má”.
B) à tradição iluminista, que
usou a Idade Média como contraponto a seus valores racionalistas, e ao
Romantismo, que pretendia ressaltar as “boas” origens das nações.
C) à indústria de videojogos e
cinema, que encontrou uma fonte de inspiração nessa mistura de fantasia e
realidade, construindo uma visão falseada do real.
D) ao Positivismo, que realçou
os aspectos positivos da Idade Média, e ao marxismo, que denunciou o lado
negativo do modo de produção feudal.
E) à religião, que com sua
visão dualista e maniqueísta do mundo alimentou tais interpretações sobre a
Idade Média.
QUESTÃO 91 (ENEM/2009)
O fenômeno da escravidão, ou
seja, da imposição do trabalho compulsório a um indivíduo ou a uma
coletividade, por parte de outro indivíduo ou coletividade, é algo muito antigo
e, nesses termos, acompanhou a história da Antiguidade até o séc. XIX. Todavia,
percebe-se que tanto o status quanto o tratamento dos escravos variou muito da
Antiguidade greco-romana até o século XIX em questões ligadas à divisão do
trabalho.
As variações mencionadas dizem
respeito:
A) ao caráter étnico da
escravidão antiga, pois certas etnias eram escravizadas em virtude de
preconceitos sociais.
B) à especialização do
trabalho escravo na Antiguidade, pois certos ofícios de prestígio eram
frequentemente realizados por escravos.
C) ao uso dos escravos para a
atividade agroexportadora, tanto na Antiguidade quanto no mundo moderno, pois o
caráter étnico determinou a diversidade de tratamento.
D) à absoluta desqualificação
dos escravos para trabalhos mais sofisticados e à violência em seu tratamento,
independentemente das questões étnicas.
E) ao aspecto étnico presente
em todas as formas de escravidão, pois o escravo era, na
Antiguidade greco-romana, como
no mundo moderno, considerado uma raça inferior.
QUESTÃO 92 (ENEM/2008)
Um jornal de circulação
nacional publicou a seguinte notícia:
Choveu torrencialmente na
madrugada de ontem em Roraima, horas depois de os pajés caiapós Mantii e
Kucrit, levados de Mato Grosso pela Funai, terem participado do ritual da dança
da chuva, em Boa Vista. A chuva durou três horas em todo o estado e as
previsões indicam que continuará pelo menos até amanhã. Com isso, será possível
acabar de vez com o incêndio que ontem completou 63 dias e devastou parte das florestas
do estado.
Jornal do Brasil, abr./1998
(com adaptações).
Considerando a situação
descrita, avalie as afirmativas seguintes.
I No ritual indígena, a dança
da chuva, mais que constituir uma manifestação artística, tem a função de
intervir no ciclo da água.
II A existência da dança da
chuva em algumas culturas está relacionada à importância do ciclo da água para
a vida.
III Uma das informações do
texto pode ser expressa em linguagem científica da seguinte forma: a dança da
chuva seria efetiva se provocasse a precipitação das gotículas de água das
nuvens.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 93 (ENEM/2008)
William James Herschel,
coletor do governo inglês, iniciou na Índia seus estudos sobre as impressões
digitais ao tomar as impressões digitais dos nativos nos contratos que firmavam
com o governo. Essas impressões serviam de assinatura. Aplicou-as, então, aos
registros de falecimentos e usou esse processo nas prisões inglesas, na Índia,
para reconhecimento dos fugitivos. Henry Faulds, outro inglês, médico de
hospital em Tóquio, contribuiu para o estudo da datiloscopia. Examinando
impressões digitais em peças de cerâmica pré-histórica japonesa, previu a
possibilidade de se descobrir um criminoso pela identificação das linhas
papilares e preconizou uma técnica para a tomada de impressões digitais,
utilizando-se de uma placa de estanho e de tinta de imprensa.
Internet:
(com adaptações).
Que tipo de relação orientava
os esforços que levaram à descoberta das impressões digitais pelos ingleses e,
posteriormente, à sua utilização nos dois países asiáticos?
A) De fraternidade, já que
ambos visavam aos mesmos fins, ou seja, autenticar contratos.
B) De dominação, já que os
nativos puderam identificar os ingleses falecidos com mais facilidade.
C) De controle cultural, já
que Faulds usou a técnica para libertar os detidos nas prisões japonesas.
D) De colonizador-colonizado,
já que, na Índia, a invenção foi usada em favor dos interesses da coroa
inglesa.
E) De médico-paciente, já que
Faulds trabalhava em um hospital de Tóquio.
QUESTÃO 94 (ENEM/2008)
O abolicionista Joaquim Nabuco
fez um resumo dos fatores que levaram à abolição da escravatura com as
seguintes palavras: “Cinco ações ou concursos diferentes cooperaram para o
resultado final:
1.º) o espírito daqueles que
criavam a opinião pela idéia, pela palavra, pelo sentimento, e que a faziam
valer por meio do Parlamento, dos meetings [reuniões públicas], da imprensa, do
ensino superior, do púlpito, dos tribunais;
2.º) a ação coercitiva dos que
se propunham a destruir materialmente o formidável aparelho da escravidão,
arrebatando os escravos ao poder dos senhores;
3.º) a ação complementar dos
próprios proprietários, que, à medida que o movimento se precipitava, iam
libertando em massa as suas ‘fábricas’;
4.º) a ação política dos
estadistas, representando as concessões do governo;
5.º) a ação da família
imperial.”
Joaquim Nabuco. Minha
formação. São Paulo: Martin Claret, 2005, p. 144 (com adaptações).
Nesse texto, Joaquim Nabuco
afirma que a abolição da escravatura foi o resultado de uma luta:
A) de idéias, associada a
ações contra a organização escravista, com o auxílio de proprietários que
libertavam seus escravos, de estadistas e da ação da família imperial.
B) de classes, associada a ações
contra a organização escravista, que foi seguida pela ajuda de proprietários
que substituíam os escravos por assalariados, o que provocou a adesão de
estadistas e, posteriormente, ações republicanas.
C) partidária, associada a
ações contra a organização escravista, com o auxílio de proprietários que
mudavam seu foco de investimento e da ação da família imperial.
D) política, associada a ações
contra a organização escravista, sabotada por proprietários que buscavam manter
o escravismo, por estadistas e pela ação republicana contra a realeza.
E) religiosa, associada a
ações contra a organização escravista, que fora apoiada por proprietários que
haviam substituído os seus escravos por imigrantes, o que resultou na adesão de
estadistas republicanos na luta contra a realeza.
QUESTÃO 95 (ENEM/2007)
Pintura rupestre da Toca do
Pajaú – PI. Fonte: .
A pintura rupestre anterior,
que é um patrimônio cultural brasileiro, expressa:
A) o conflito entre os povos
indígenas e os europeus durante o processo de colonização do Brasil.
B) a organização social e
política de um povo indígena e a hierarquia entre seus membros.
C) aspectos da vida cotidiana
de grupos que viveram durante a chamada
pré-história do Brasil.
D) os rituais que envolvem
sacrifícios de grandes dinossauros atualmente extintos.
E) a constante guerra entre
diferentes grupos paleoíndios da América durante o período colonial.
QUESTÃO 96 (ENEM/2006)
No início do século XIX, o
naturalista alemão Carl Von Martius esteve no Brasil em missão científica para
fazer observações sobre a flora e a fauna nativas e sobre a sociedade indígena.
Referindo-se ao indígena, ele afirmou: “Permanecendo em grau inferior da
humanidade, moralmente, ainda na infância, a civilização não o altera, nenhum
exemplo o excita e nada o impulsiona para um nobre desenvolvimento progressivo
(...). Esse estranho e inexplicável estado do indígena americano, até o
presente, tem feito fracassarem todas as tentativas para conciliá-lo
inteiramente com a Europa vencedora e torná-lo um cidadão satisfeito e feliz.”
Carl Von Martius. O estado do
direito entre os autóctones do Brasil. Belo Horizonte/São Paulo:
Itatiaia/EDUSP, 1982.
Com base nessa descrição,
conclui-se que o naturalista Von Martius:
A) apoiava a independência do
Novo Mundo, acreditando que os índios, diferentemente do que fazia a missão
europeia, respeitavam a flora e a fauna do país.
B) discriminava
preconceituosamente as populações originárias da América e advogava o
extermínio dos índios.
C) defendia uma posição
progressista para o século XIX: a de tornar o indígena cidadão satisfeito e
feliz.
D) procurava impedir o
processo de aculturação, ao descrever cientificamente a cultura das populações
originárias da América.
E) desvalorizava os
patrimônios étnicos e culturais das sociedades indígenas e reforçava a missão
“civilizadora europeia”, típica do século XIX.
QUESTÃO 97 (ENEM/2005)
Leia estes textos.
Texto 1
(QUINO. O mundo da Mafalda. São Paulo: Martins
Fontes, 1999. p. 3)
Texto 2
Sonho Impossível
Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão.
(J. Darione – M. Leigh –
Versão de Chico Buarque de Hollanda e Ruy Guerra, 1972.)
A tirinha e a canção
apresentam uma reflexão sobre o futuro da humanidade. É correto concluir que os
dois textos:
A) afirmam que o homem é capaz
de alcançar a paz.
B) concordam que o
desarmamento é inatingível.
C) julgam que o sonho é um
desafio invencível.
D) têm visões diferentes sobre
um possível mundo melhor.
E) transmitem uma mensagem de
otimismo sobre a paz.
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