Genealogia do Tédio

Olá, nobres amigos!

O post de hoje será dedicado a uma das áreas que mais cresce nos dias atuais: a neurociência. Para aqueles que não são familiarizados com o tema, neurociência diz respeito ao estudo das funções das áreas cerebrais, bem como a anatomia cerebral, as estruturas, etc. Grandes descobertas tem sido feitas de um tempo pra cá - publicadas enfaticamente em revistas, tanto especializadas quanto para o grande público.

O que cabe notar é que várias antigas crenças estão sendo confirmadas ou abolidas à partir da ascensão neurocientífica: perguntas como "por que a música gera prazer?", "Por que ficamos agitados em determinados momentos?", "como a linguagem é gerada?" - dentre muitas e muitas outras - estão tendo um novo enfoque.

Transcreverei uma interessante reportagem que achei na net, a qual diz respeito ao tédio adolescente e a área supracitada. Divirtam-se!


Adolescência e Tédio: ciência explica

Acontece com todo mundo. Chega um momento da vida em que tudo que a gente gostava de fazer - brincar de bola, de boneca, de carrinho, de pega-pega - deixa de ser interessante.

É o tédio, um dos primeiros sinais do início da adolescência. Você provavelmente ouviu falar que o tédio, como várias outras chatices da adolescência, era culpa dos hormônios. Mas não é.

A neurociência hoje tem uma resposta diferente: o comportamento adolescente é fruto de um cérebro adolescente, que está passando por uma série de transformações.

Uma das primeiras mudanças acontece bem no meio do cérebro, no sistema de recompensa. Esse é um conjunto de estruturas que, quando fazemos algo que dá certo ou que promete resultados muito legais, nos premia com uma sensação de prazer. Um prazer que tanto serve como recompensa quanto como motivação.

Brincar de bola, de boneca, correr à toa, jogar videogames, são ótimas maneiras de ativar o sistema de recompensa das crianças. Acontece que, ao entrar na adolescência, o sistema de recompensa perde de um terço à metade de seu tamanho e também da sua sensibilidade.

Isso significa que tudo o que antes dava prazer agora já não funciona mais tão bem. A boneca, a bola e os carrinhos são abandonados. Os heróis da infância são esquecidos.

O que ainda funciona? Novidades. Por isso, os adolescentes precisam tão desesperadamente de novos prazeres: música, esportes, carinhos, comida, cinema - tudo isso na companhia de amigos, que têm as mesmas necessidades.

Por mais que o tédio seja chato para os recém-adolescentes - e para seus pais que acham que a falta de interesse e preguiça são birra ou rebeldia - esse tédio é natural e tem uma função importantíssima. É ele que faz com que o jovem abandone a infância, se interesse pelo mundo adulto e vá buscar sua turma.

Afinal, se a infância não perdesse a graça, quem iria querer trocar a brincadeira por trabalho?"

- Retirado em http://www.depositonaweb.com.br/1111/adolescencia-e-tedio-ciencia-explica/ -

Comentários

  1. Ainda não quero trocar a "brincadeira" por trabalho!

    Realmente interessante... mas nem sempre tédio tem cura, né?

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  2. Embora o tédio mencionado seja, em última instância, natural ao adolescente, o tédio que descreve seria o tédio pós-juventude..? Creio que neste caso haja algum tratamento recorrendo à farmacologia ou psicologia...

    Ou seria uma "vida pêndulo" schopenhauriana que oscila entre o tédio e o sofrimento? Interessante, interessante... =]

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  3. Acho que caracterizar esse momento entre pré ou pós-juventude é mais complicado. Até porque esse acontecimento neurológico não tem idade certa para acontecer. Mas fiquei na dúvida,não seriam os hormônios também responsáveis por essa transformação do cérebro? Ou ela é algo exterior, como experiência, conhecimento etc adquiridas pelo indivíduo? Apesar das dúvidas, muito interessante o tema!
    Aproveito pra também deixar uma citação: "Uma vida não questionada não merece ser vivida." Platão. Certo professor?

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  4. Certo, amigo(a) Anônimo!

    Boas questões, obviamente - e que aprofunda a cisão entre "o que há de parcela social e de biológicas nesses casos!".

    Algo é fato... o conceito "adolescência" tem uma enorme parcela social, já que alguns países negam veementemente esse intermédio (criança e adulto)... nos EUA, o adolescente começa aos 13 (daí vem a palavra terminada em TEEN)... no Brasil, talvez se assemelhe - e em países do oriente médio tal não se encontra, pelo que tudo indica.

    Seria essa notícia a confirmação que exista, SIM, uma fase "adolescente"..!? Ou, ao menos, dizer que essa fase de transformações tediosas possa ser considerada "a adolescência"!? Ou, mesmo, dizer que podemos criar nossos jovens - mesmo que seja somente um conceito social - à partir de lições neurocientíficas..?!

    Tantas dúvidas... eis o princípio do filosofar.

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  5. Tantas dúvidas e tantos erros sobre e/ou nessa fase da vida... Mesmo diante da falta de muitas respostas, "pais e filhos" têm a oportunidade de crescer.
    P.S.: Anônimo acima/Comentários grandes = Eu

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