A indústria farmacêutica nossa de cada dia

Em memória de Ronaldinho, amigo e médico. Um espírito de artista que nos deixou cedo demais.

Vivemos em uma sociedade que elege, dia após dia, temas como ''tabus''. Cala-se, dessa forma, o espírito crítico das pessoas em nome de coisas supostamente 'indizíveis' (mas o que há de indizível no mundo?). Manipula-se, corrompe e esquarteja qualquer possibilidade de diálogo. Em suma, cria-se barreiras 'intransponíveis'. Mas ''como uma vida não analisada não merece ser vivida'', venho soltando farpas em sala de aula a respeito de muitos temas: pois acredito que 'luto para educar e educo para lutar'. Por amar minha profissão, hoje venho refletir acerca dos mais preciosos agentes na dialética educativa: as crianças e jovens.

Nossas crianças estão sendo submetidas, tais como ratos em laboratórios, à farmacologia. A mesma entidade de fármacos que cria medicamentos capazes de curar, também criará medicamentos capazes de matar e escravizar uma população. Movimenta-se bilhões em capital (ah, o capital) e emerge dessa entidade uma indústria, tal como a automobilística ou eletrônica. E nós, vozes fatigadas que gritam na rua do silêncio, ficamos quase inorgânicos a mais esse tabu.

Crianças e adolescentes que, a partir de laudos emitidos diariamente em consultórios, são 'diagnosticadas' com as mais diversas patologias cognitivas - e submetidas a tratamentos farmacológicos com os 'salvadores'. Não, não sou ingênuo a ponto de acreditar que nenhum garoto precise desses medicamentos. Mas, ao mesmo tempo, sou um duro crítico a homogeneização de nossos jovens. Ingenuidade é acreditar que a indústria que movimenta bilhões está a oferecer, como benfeitora, a cura a todos esses pacientes. Estão, sim, subordinados ao lucro: criando consumidores que viverão presos ad eternum ao comércio de medicamentos (para uma ''vida mais fácil e libertadora''). Um slogan publicitário ótimo.
Questões se abrem: quantas curas já não foram encontradas e ocultadas por não serem lucrativas? Quantos meninos e meninas, vítimas de um tratamento brutalizante, de fato precisam desses medicamentos? São todos realmente? Quantas coligações são feitas pelas indústria supracitada com médicos desonestos?

Defendo, como um ''ps'' ao texto, a medicina com meu corpo e alma: de corpo porque dela precisamos. Nossos hábitos tem nos deteriorado e a correria do mundo nos matado; de alma porque nossos médicos também estão se tornando vítimas de um sistema cruel, monopolizador, de uma indústria que cresce e movimenta cifras inesgotáveis. Que haja luta social integrada entre população e os médicos honestos. Porque a desonestidade, queridos amigos, está presente em parcelas de todos os segmentos.

Adendo: Meus nobres, a mesma sociedade que condenou o whisky à grande droga na crise norte-americana hoje consome abertamente (e como é chique!) tal bebida. Porque gera lucros astronômicos para as grandes empresas. Estamos, infelizmente, inebriados (não pelo whisky), mas pelo dinheiro.

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